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SPFW mostra que só a criatividade pode manter vivo o sonho d

Cavalera ocupou Minhocão e mostrou coleção inspirada por São Paulo. Ronaldo Fraga criou uma Disneylândia latina, com riqueza inesgotável.
SPFW mostra que só a criatividade pode manter vivo o sonho d

Foto: Flavio Moraes / G1

Autoral e sem preocupações com tendência, o penúltimo dia da São Paulo Fashion Week mostrou que criatividade é fundamental para manter o sonho da moda vivo. Ele é capaz de mobilizar uma cidade num domingo (21), como aconteceu com o desfile da Cavalera no Minhocão, ou de arrebatar corações no manifesto latino da Fridamouse de Ronaldo Fraga.

Gráfica e colorida em plena forma do seu streetwear, a Cavalera mostrou que definitivamente São Paulo é a sua praia. Estampa de nuvem no vestido rodado da ciclista, cor de cimento nos jeans manchados (uma super tendência para o verão), vermelho na sarja da calça de gancho mais baixo, os modelos passearam em sandálias mais fechadas, bolsas e tênis de cano alto com as estrelas e as listras da bandeira da cidade.

Alfaiataria street na Cavalera

A estilista convidada Karlla Girotto glamourizou a moda de rua da marca com uma alfaiataria renovada por faixas amarelas. Coube ao diretor Alberto Renault a proeza de retratar em cada momento e atitude os tipos urbanos. Da mãe, Sarah de Lauro, com seu bebê, Stella de Lauro, de 1 ano e quatro meses, aos gêmeos ruivos Tales e Petrus Valeriani, de Caçapava, vestindo camiseta com a bandeira do Brasil e representando quem vem do interior do estado.

Sob a marquise do MAM, ao som da banda Anéis de Saturno tocando músicas dos filmes de James Bond, as "Gambler girls" de Rita Comparato e Dudu Bertholini desafiaram o predomínio dos curtos com saiões, camisões, caftans e túnicas em contraste com bodies e catsuits (uma malha justinha que cobre o corpo todo, peça-chave da onda justa que vem por aí).

Estampas de espreguiçadeiras, helicópteros, cristaleiras, leques e brinco de bonequinho movimentaram o visual Neon desta vez com o tempero do fio dental multicolorido no maiô de Malana.

As bandeirolas mexicanas com caveiras comemorativas do dia dos mortos e o artesanato têxtil colombiano decoraram a silhueta soltinha das modelos na Disneylandia de Ronaldo Fraga. Uma Disney latina, com riqueza inesgotável, para a qual, segundo o estilista pouco olhamos. "Já passamos da hora de unificar a América Latina. A Europa só sobreviveu porque se unificou", disse Ronaldo Fraga, que destacou como ponto alto da coleção o "xadrez com fio na trama e no urdume". Vestidos soltos, beleza numa simbiose entre Mickey e Frida Kahlo (Fridamouse), o desfile teve sapatos-marmita e bolsas douradas em forma de saco com a marca do cifrão.

Futurista, apostando na tecnologia, Jefferson Kulig aderiu ao branco em vestidos de cintura marcada, curtos, ombros com volumes em dobraduras. Mario Queiroz usou em sua coleção as contribuições francesas para a moda masculina. Gancho baixo das calças na medida exata em bem proporcionada alfaiataria, orquídeas nas camisas e xadrez vichy deixaram os rapazes nos trinques até mesmo quando fizeram strip tease no camarim para mostrar as cuecas na coleção underwear do estilista.

A borboleta, o caçador e a ninfa

"Espero que os modelos tenham feito a cara que pedi. Disse coisas horríveis a eles antes de entrarem na passarela", contou Lino Villaventura, falando sobre a sensualidade perversa de seu desfile. Caçadores vendados em tons mais fortes, como roxo, azul e vermelho contrastavam as cores pastéis das modelos femininas em fluidos vestidos em rosa pó e pó-de-arroz. "Usei os materiais de sempre: organza, seda, trabalhos em nervura, cristais swarovski. A marca deve manter seus itens clássicos. Eu faço um delírio. Minha inspiração é a vida. Gosto de usar o simbolismo nas cores, nas formas e nos movimentos. Todo mundo hoje em dia é muito parecido. A moda não pode ser assim. Quis mostrar a virilidade do homem e a fragilidade da mulher. Quero que meu trabalho inspire quem está começando a fazer moda", disse Lino.

Hoje, último dia da São Paulo Fashion Week, os destaques são Isabela Capeto, o masculino de Herchcovitch, o safari safado da Reserva e o encerramento com André Lima.

SPFW mostra que só a criatividade pode manter vivo o sonho da moda

Fonte: G1

Por: Robson Souza Santos | Imprimir