Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-06-2009

Protestos podem aumentar repressão no Irã, diz cientista pol
Pesquisador admite ser um momento importante da história iraniana. Para ele, entretanto, governo Ahmadinejad vai se consolidar pela força.
Protestos podem aumentar repressão no Irã, diz cientista pol
Foto: http://www.bbc.co.uk

Em vez de se consolidar como uma revolução para derrubar o regime teocrático que está no poder no Irã desde 1979, os atuais protestos da oposição contra os resultados da eleição vencida pelo atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, podem ter um efeito contrário para os que buscam uma maior liberdade.

Segundo o cientista político iraniano Mehrzad Boroujerdi, os movimentos que tomaram as ruas de Teerã e outras cidades do país podem levar o Irã no caminho de um governo mais repressor, de um poder mais autoritário.

"Depois de um choque inicial e da irritação popular com o que foi visto como uma manipulação, a repressão já está diminuindo o tamanho dos protestos", disse, em entrevista ao G1, na quinta-feira (25).

Para ele, Ahmadinejad vai consolidar o poder na Presidência do país, mas vai sofrer com uma crise de legitimidade, já que há grandes setores do Irã insatisfeitos com ele. "Veremos um foco maior em política interna de que em relações internacionais e um aumento na militarização do país. Para poder consolidar seu poder e manter a ordem, o regime vai precisar usar da força contra sua população."

Apesar do pessimismo, uma vez que o pesquisador demonstrou preferir que o candidato reformista Mir Hossein Moussavi vencesse as eleições, Boroujerdi vê com bons olhos as manifestações da oposição. "Trata-se de um ponto de virada na história do país. Depois de 30 anos, o povo finalmente se levantou contra o sistema", disse. Para ele, o que aconteceu foi que o regime vinha afrouxando o controle sobre a sociedade, que estava se tornando mais aberta e menos repressiva nos últimos anos, mas esta eleição atingiu um ápice de manifestações que o governo decidiu interromper. "Os iranianos já viveram sob situações muito mais repressivas no passado, agora o governo deve incitar seus partidários ‘hooligans’ [referência à milícia Basij] para oprimir quem se levantar contra ele."

Boroujerdi não acredita nas análises que apontam um rompimento entre os clérigos dos setores mais altos da hierarquia política do país. Segundo ele, nenhum dos quatro candidatos à Presidência era radical, todos eram de dentro do regime e só se candidataram após serem aceitos por este regime teocrático.
Surpresa


Em entrevista concedida ao G1 antes da eleição, Boroujerdi, que é professor na universidade Syracuse, em Nova York, e autor de um livro sobre a diáspora dos intelectuais iranianos, dizia ser impossível prever o resultado das eleições iranianas, que sempre surpreende que assiste de fora. A surpresa da vitória de Ahmadinejad, entretanto, foi vista com maus olhos por ele, que acredita ter havido fraude na contagem dos votos.

"O resultado não mostrou a clara polarização política que existe no país. Sei que ele poderia ter ganho, mas não com tanta facilidade", disse. Em sua interpretação, o fato muitos eleitores terem participado da votação historicamente sempre pesou contra o governo. "Os números divulgados não fazem sentido. Segundo o resultado oficial, mais de 80% dos eleitores participaram da votação, e Ahmadinejad teve mais de 60% dos votos, vencendo no primeiro turno.


Protestos podem aumentar repressão no Irã, diz cientista político

Fonte: G1
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir