Categoria Politica  Noticia Atualizada em 30-06-2009

Honduras vista a partir dos Estados Unidos
Protestos em Honduras ap�s golpe militar que dep�s o presidente Manuel Zelaya
Honduras vista a partir dos Estados Unidos
Foto: EFE

Pablo Calvi
De Nova Iorque

"Espero o apoio dos setores democr�ticos desde os Estados Unidos at� o Cabo de Hornos (no sul do Chile)", pediu hoje, segunda-feira, em tom firme perante as c�meras de televis�o, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. Rec�m-chegado a S�o Jos� da Costa Rica, poucas horas depois de um grupo de militares sublevados o sequestrar da Casa de Governo, em Tegucigalpa, Zelaya chamou o segundo golpe militar da Am�rica Latina depois do fim da Guerra Fria de "a barb�rie mais brutal do s�culo XXI".

Desde cedo, a mensagem do presidente deposto recebeu o apoio de todos os presidentes democr�ticos da regi�o, desde o venezuelano Hugo Ch�vez at� a argentina Cristina Fern�ndez de Kirchner. No entanto, o apoio mais significativo foi emitido nas �ltimas horas do domingo pela Casa Branca.

"A exemplo da Organiza��o dos Estados Americanos na sexta-feira, convoco a todos os atores pol�ticos e sociais a respeitarem as normas democr�ticas, o estado de direito e os princ�pios da Carta Democr�tica Interamericana", disse Barack Obama em um comunicado que mostra uma dram�tica mudan�a nos rumos da rela��o entre os Estados Unidos e a Am�rica Latina. "Qualquer tens�o e disputa que exista deve ser resolvida pacificamente atrav�s do di�logo, livre de qualquer interfer�ncia externa", acrescentou Obama.

"A posi��o que se percebe na mensagem mostra claramente uma mudan�a no rumo da pol�tica dos Estados Unidos com rela��o � Am�rica Latina e confere um respaldo cada vez maior �s pol�ticas de estabiliza��o democr�tica promovidas pela Organiza��o dos Estados Americanos", prop�e Pablo Pinto, professor do Saltzman Institute of War and Peace Studies (Instituto Saltzman de Estudos de Guerra e Paz), da Universidade de Columbia.

Eleito democraticamente, Zelaya tentava construir as bases para uma eventual reelei��o atrav�s de uma consulta popular. E, seguindo os passos de Hugo Ch�vez, o presidente hondurenho tamb�m n�o se privou jamais de criticar a pol�tica externa dos Estados Unidos com rela��o � Venezuela. No entanto, diferente da posi��o adotada pelo seu antecessor George W. Bush durante o golpe de 2002 contra Hugo Ch�vez na Venezuela, Obama mostrou-se pronto a apoiar, pelo menos no discurso, a continuidade democr�tica na regi�o.

"Sinto que esse golpe de estado � um grande problema para os Estados Unidos", analisa Patricio Navia, professor do Centro para a Am�rica Latina e Caribe, da Universidade de Nova York. "Por um lado, o presidente de Honduras e o seu ministro das rela��es exteriores promoveram a volta de Cuba - um estado totalit�rio - �s Na��es Unidas. Por outro lado, h� bons motivos para afirmar que Zelaya tinha extrapolado os limites da constitui��o", lembra Navia.

No entanto, explica o analista, Obama enfatizou que � preciso que qualquer resposta perante um governo impopular siga os "caminhos constitucionais". Apesar da esperan�a infundida pelas primeiras rea��es de Obama perante a primeira crise latino-americana, Pinto afirma que ainda falta um longo caminho a percorrer antes que os Estados Unidos possam "quebrar a desconfian�a gerada pela atitude da administra��o Bush de dar as costas para a regi�o". No entanto, conforme o analista, um dos principais pontos de partida para compreender o que vem em mat�ria de rela��es internacionais � que os Estados Unidos deixaram claro que n�o mais dar�o seu apoio �s "amea�as pol�ticas dos golpistas de plant�o", com poss�veis incentivos econ�micos.

Conforme ambos os especialistas, a sa�da para o impasse hondurenho do ponto de vista dos Estados Unidos poderia seguir dois caminhos: "Penso que a Casa Branca est� se preparando para receber um novo governante hondurenho eleito democraticamente, ou preparando a volta de Zelaya com a condi��o de n�o poder disputar as pr�ximas elei��es", prop�e Navia. Caso contr�rio, afirma o especialista, "Honduras ter� que se manter fora da comunidade internacional durante v�rios anos".

A segunda op��o � uma sa�da de consenso atrav�s da antecipa��o das elei��es presidenciais. "Essa tamb�m seria uma sa�da aceit�vel para Obama, porque � dif�cil que Zelaya possa governar com esse clima", explica Navia. "Para os Estados Unidos, de fato, � mais conveniente que sejam convocadas elei��es sem que Zelaya volte ao poder, pois o presidente hondurenho estava perigosamente pr�ximo de Hugo Ch�vez, e n�o h� d�vidas de que h� algum tempo vinha dando passos firmes para se eternizar no poder".

Honduras vista a partir dos Estados Unidos.

Protestos em Honduras ap�s golpe militar que dep�s o presidente Manuel Zelaya.

Fonte: http://terramagazine.terra.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir