Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 30-06-2009

BOLAS FORA
Sempre trabalhei com marketing. Antes de fazer o curso de Jornalismo havia feito publicidade e propaganda...
BOLAS FORA
Fotomontagem: Pauli

Sempre trabalhei com marketing. Antes de fazer o curso de Jornalismo havia feito publicidade e propaganda, no antigo colegial t�cnico. Desde aquela �poca j� me fascinava o mundo da propaganda e da publicidade. Havia uma esp�cie de culto ao marketing, como se ele fosse uma coisa infal�vel, e seus realizadores homens dotados de uma incr�vel capacidade de sempre acertar na mosca. Marketing era sin�nimo de cofres cheios para as empresas. Por�m, como muitos sabem (e alguns ainda relutam em admitir), infal�vel s� Deus. Em nome do deus marketing foram feitas muitas burradas at� hoje, e muitos cabe��es (que hoje podem ser chamados de marqueteiros) deram sua contribui��o para o extenso rol de babaquices e preju�zos no caixa. Algumas dessas babaquices sa�ram na revista Superinteressante deste m�s. Vamos a elas, come�ando pelas mais antigas:

1957-1960 Ford Edsel � A Ford era a dona do Mercado automobil�stico americano na �poca. Para promover seu novo carro, os "iluminados" do marketing tiveram a ideia de que bastava a expectativa com an�ncios que n�o mostravam o ve�culo. Os cartazes anunciavam apenas que "O Edsel est� chegando". Olha s� o resultado da fant�stica ideia: "Um trator chupando lim�o", "Um vaso sanit�rio" e "Uma vagina com dentes" foram algumas das rea��es ao peculiar design da dianteira do Edsel. Talvez o problema pudesse ter sido evitado se eles mostrassem o carro a pelo menos um consumidor, de t�o feio que o bicho era. Al�m disso, os americanos ainda acharam o nome esquisito, nome este que foi dado em homenagem ao filho do fundador da empresa, Edsel Ford. Bom, o carro que deveria vender 200 mil unidades por ano saiu de linha em 1960 vendendo apenas 2.800 unidades (quem sabe n�o foram para os parentes dos marqueteiros). Preju�zo: US$ 2,25 bilh�es.

1969 - Let it Be, disco dos Beatles � em 1969 o clima entre os Beatles j� n�o era t�o bom. Foi ent�o que Paul McCartney convenceu os outros tr�s de que um disco b�sico, "gravado ao vivo", seria a melhor terapia de grupo. Para saciar a curiosidade dos f�s, todo o processo criativo seria registrado em filme. O nome do projeto era inspirador: Get Back.. Infelizmente para eles as coisas n�o correram t�o bem assim. O est�dio virou uma panela de press�o e o projeto acabou acelerando o fim da banda. Como consolo eles se reuniram no mesmo ano para gravar um adeus decente, o excelente Abbey Road.. Como resultado daquelas sess�es, o disco Let it Be. apareceu s� em 1970, ap�s o fim da banda, junto com um document�rio que registrava toda a tens�o entre os quatro ex-amigos. Incalcul�vel o preju�zo.

1985 � New Coke � essa aqui muita gente conhece. A poderosa Coca-Cola via seu reinado no mercado de refrigerantes amea�ado pela Pepsi, ent�o "o sabor da nova gera��o". Os "big heads" da poderosa resolveram contra-atacar e decidiram criar um sabor parecido com o da concorrente. Isso n�o era nenhum fim do mundo, mas os "big heads" foram al�m e retiraram o sabor antigo das prateleiras. N�o deu outra, os consumidores execraram a New Coke e a Pepsi virou l�der sem aumentar as vendas. Depois de tr�s meses o sabor antigo estava de volta com um novo nome, Classic Coke. Deu at� livro! Preju�zo: US$ 1 bilh�o.

1988 e 1996 � Premier e Eclipse � para agradar os fumantes passivos, a RJ Reynolds (fabricante das marcas Camel e Winston) criou um cigarro que n�o soltava fuma�a. Fuma�a mesmo come�ou a sair da cabe�a dos executivos depois dessa fant�stica ideia. O primeiro modelo, Premier, al�m de precisar de muito fogo para ser aceso e muito f�lego para ser tragado, tinha um gosto horr�vel. Furo n��gua! Mas eles n�o desistiram e, em 1996, lan�aram o Eclipse, com um filtro de carv�o embutido que tornava o gosto ainda pior. Ambos prometiam ser mais saud�veis, o que simplesmente n�o era verdade. Agora, o que ningu�m entende �: por que fazer (duas vezes) um cigarro para quem n�o gosta de fuma�a, j� que esse p�blico (n�o-fumante) n�o costuma comprar cigarro? Preju�zo: US$ 450 milh�es.


1993 � Earring Magic Ken � lembram do boneco Ken, o namoradinho da Barbie? Pois bem, preocupada com a falta de carisma do boneco, sua fabricante foi saber das jovens consumidoras se Barbie precisava de um novo eterno namorado. O veredicto: Ken podia ficar, mas tinha de ser mais cool.. Mas o que � cool.? Em 1993, para a Mattel, era um Ken com pele bronzeada, cabelo oxigenado, blusa de redinha, colete de couro roxo, brinco na orelha direita e um colar de argola. Meninas e seus pais n�o entenderam a renova��o do visual. Ou melhor, entenderam perfeitamente: o novo Ken foi considerado a coisa mai gay a leste de S�o Francisco. A Mattel cancelou a produ��o e recolheu todos os que conseguiu, sem nunca deixar claro se o visual de Ken havia sido intencionalmente gay ou n�o. Preju�zo: US$ 50 milh�es.

1993-1995 � "Escrit�rio Virtual" - o dono da lend�ria ag�ncia de publicidade ChiatDay, Jay Chiat queria dar uma renovada na ag�ncia para atrair novamente a aten��o do mercado. Amante do minimalismo, ele concluiu que o melhor era jogar toda a mob�lia fora, criando um ambiente aberto, onde os grupos se reuniriam como num campus de universidade. Assim, ningu�m mais tinha mesa, cadeira ou lugar fixo, e toda manh� era preciso retirar um celular e um notebook na entrada. N�o precisa nem falar que aquilo virou um caos. Faltavam telefones e computadores, ningu�m conseguia saber onde o outro estava e as salas de reuni�o, as �nicas mobiliadas, eram disputadas literalmente a gritos. Houve um motim na sede de Los Angeles, a ag�ncia virou piada, e Chiat se viu for�ado a vend�-la e se aposentar. Preju�zo: US$ 200 milh�es.

1995 � S�vio, Rom�rio e Edmundo � essa � nossa, brazucas! No ano do centen�rio do Flamengo, o presidente marqueteiro Kl�ber Leite presenteou a maior torcida do Brasil com um ataque dos sonhos: S�vio e Edmundo pelas pontas e Rom�rio de centro-avante. Durante o Brasileir�o de 1995 ficou claro que, al�m de chiliquentos e improdutivos, os astros paralisavam a equipe: nos 12 jogos em que o Flamengo jogou com "o melhor ataque do mundo", o trio marcou 10 gols: o resto do time, s� um (de Djair, em um 1 x 1 com o Vasco). O rubro-negro foi o 21�. Colocado de 24 participante, o que hoje, daria rebaixamento. S� Rom�rio ficou para a temporada de 1996. Preju�zo: goza��o eterna dos rivais.

1999-2000 � Pets.com � durante a bolha da internet, empresas iniciantes sugavam milh�es de investidores apenas com a expectativa do quanto poderiam render um dia. Entre essas, a Pets.com se destacou pela estrat�gia de torrar toda a grana que conseguiu em an�ncios estrelados pelo mascote do site, um cachorrinho feito de fantoche de meia. Se ficasse conhecida logo, os lucros viriam e, com eles, a infraestrutura seria constru�da. Doce esperan�a! Al�m de n�o ter diferencial (vendia a mesma coisa que a pet da esquina pelo mesmo pre�o), os gastos absurdos com publicidade faziam com que o site perdesse US$ 4 para cada um que ganhava. Pior: ningu�m acessava o site para comprar produtos para animais. O �nico sucesso de vendas era o fantoche do cachorrinho. Em um ano, o Pets.com fechou. Preju�zo: US$ 300 milh�es.

2005 � Who�s Your Daddy � no come�o do s�culo 21, as emissoras de TV vinham inventando reality shows cada vez mais ousados, de gincana na selva e confinamentos consentidos passou-se a tortura volunt�ria e buscas por esposas e maridos. At� que a Fox lan�ou Who�s Your Daddy? . (Quem � o seu papai?), em que uma mo�a adotada ganharia US$ 100 mil se adivinhasse qual entre 8 homens era o seu pai biol�gico. Se ela errasse, era o impostor que levava o pr�mio, e ela, s� o pai. A Fox virou sin�nimo de baixaria e, fato �nico na hist�ria da emissora at� hoje, cancelou o programa ap�s a exibi��o de um �nico epis�dio. Preju�zo: US$ 150 milh�es em an�ncios cancelados.

Para finalizar, nada como exemplos locais. Com olhos na reelei��o a prefeito de Marata�zes, Toninho Bitencourt apostou alto na constru��o da nova sede da prefeitura, conclu�da �s pressas (em dezembro de 2008) antes da posse do novo prefeito, Dr. Jander, que tamb�m apostou suas fichas na campanha vencedora tendo como plataforma a sa�de. Resultado: a nova sede est� largada �s moscas, o hospital Santa Helena foi fechado e m�dicos recusam-se a atender pacientes. Preju�zo: incalcul�vel sob o ponto de vista humano, bagatela, sob o ponto de vista pol�tico.

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Fonte: O Autor
 
Por:  Paulo Araujo    |      Imprimir