Categoria Economia  Noticia Atualizada em 01-07-2009

Miriam Leitão comenta os 15 anos do Plano Real
Miriam Leitão: O brasileiro queria tanto uma economia normal que se jogou no plano para entender sua complexidade.
Miriam Leitão comenta os 15 anos do Plano Real
Foto: http://midiacon.com.br/

Os mais novos certamente não se lembram. Você queria comprar um produto, fazia uma pesquisa de preço e, no dia seguinte, para fechar o negócio, a surpresa: o produto já custava mais caro. Os preços subiam num ritmo impossível de se acompanhar. Olha que "inflação alta" é pouco: era hiperinflação mesmo.

É por isso que é tão marcante essa data que vivemos hoje: os 15 anos do plano que trouxe a economia brasileira para uma escala de normalidade: o Plano Real.

O brasileiro já estava acostumado a muitos planos econômicos - todos fracassados. O Real foi diferente porque, primeiro, aprendeu com os erros dos outros. Não teve congelamento de preços. Segundo, não teve surpresa. Não foi um plano que aconteceu de repente, que você acordou e tinha uma moeda nova.
Foi criada a Unidade Real de Valor (URV), que fez parte do cotidiano dos brasileiros durante meses. Era uma unidade de conta e um dia virou moeda. Mas não foi simples assim. Foi um desafio para as pessoas e para o país.

Só para exemplificar uma dificuldade: para saber quanto valia algo em real (que estava com preço na moeda antiga), era preciso dividir por 2.750 – de cabeça. Era assim até na hora de comprar pão.

O brasileiro superou o desafio, queria tanto uma economia normal que se jogou no plano para entender sua complexidade e agir de forma correta.

Logística complicada

O Banco Central teve que, em 24 horas, colocar as notas do real no Brasil inteiro. Foi uma operação logística de grandes proporções, com a Aeronáutica voando pelo país.

Nesse período de transição, tinha duas moedas. A velha, o cruzeiro real, continuou inflacionada. A nova, o real, a substituía.

Início de ansiedade

O primeiro dia do real foi de grande ansiedade. Eu já tinha escrito que achava que iria dar certo, mas estava morrendo de medo. Já tínhamos visto muitos fracassos. Até os economistas que fizeram o plano brincavam que era o oitavo casamento da Elisabeth Taylor, ou seja, uma grande chance de dar errado.

Lembro que ao sair de casa ouvi o varredor da rua explicando o plano para o segurança do prédio ao lado. Ele explicava tão bem que vi que o brasileiro tinha entendido a complexidade.

Tempos de hiperinflação

Antes dos tempos do real, os pobres se protegiam da inflação comprando tudo que podiam comprar em um primeiro momento. Eles recebiam salário e corriam para o supermercado. Não tinham conta no banco. Ficavam mais expostos. Por isso que os pobres empobreceram mais.

Os ricos tinham conta remunerada, mesmo que fosse uma ilusão.

O fato é que a inflação empobrecia os pobres e enriquecia os ricos.

Miriam Leitão comenta os 15 anos do Plano Real

Fonte: G1
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir