Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 27-07-2009

BONS “PIZZAIOLOS”
Os últimos acontecimentos ocorridos no contexto político do país muito me têm chamado a atenção
BONS “PIZZAIOLOS”

Os últimos acontecimentos ocorridos no contexto político do país muito me têm chamado a atenção e já posso ver, com clareza, certa passividade no comportamento do brasileiro. O povo está anestesiado. Com frequência estoura uma bomba, surge mais um escândalo. Governantes são denunciados, vêm à tona as falcatruas, as ingerências, os desmandos e quase sempre prevalece a lei da impunidade.

No momento, deparo-me com a crise no Senado. Antes era só a crise global, só se falava nela. Agora acontece outra, a do Senado. A propósito da palavra crise, segundo as treze acepções que aparecem no dicionário do Aurélio, quero destacar duas: "Manifestação violenta e repentina de ruptura de equilíbrio"; "Fase difícil, grave na evolução das coisas, dos fatos, das ideias." Quero dar ênfase à primeira definição e considerando a "ruptura de equilíbrio", na verdade, aparentemente, parece que havia equilíbrio lá no Senado, principalmente em relação ao presidente da Casa o senador José Sarney, que devia ser uma referência de liderança para nós e a começar pelas graves denúncias que a imprensa brasileira divulga por todo o país: "Atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, criar cargos e aumentar salários. Levantamento mostrou que mais de 600 decisões não foram publicadas. Na relação, aparecem as nomeações de parentes e afilhados do presidente do senado." "Reportagem publicada pela revista "Veja" afirma que Sarney teria uma conta bancária não declarada que, em 1999, registrava saldo de US$870 mil(o equivalente, então, a R$1,7 milhão)". Estas duas notícias fazem parte de uma série de falcatruas, relatando as denúncias feitas ao senador Sarney. Fico a imaginar quanta lavagem de dinheiro, quanto desvio de verbas. E para ser mais explícito quanto "roubo". De uma forma indireta há "ladrões" e "roubo". Isto me fez lembrar um pouco a Literatura Brasileira que ensinamos aos nossos alunos, principalmente, quando nos detemos naquela parte referente ao Barroco, tomando como exemplo um dos textos do Padre Antônio Vieira, momento em que Vieira faz uma analogia entre Alexandre Magno e um pirata. Em um dos trechos em que Alexandre dialoga com o pirata, tem-se o seguinte: O pirata, que andava roubando pescadores, foi levado à presença de Alexandre e este o repreendeu, mas o pirata que "não era medroso nem estúpido, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres."

Isto me faz concluir que a corrupção, no nosso país, tem caráter histórico, desde os primórdios do "descobrimento" do Brasil, pode-se assim dizer, pois já naquela época ela se manifestava e Vieira fez seus textos visitar contextos que se faziam presentes na ocasião.
Entendemos que "roubo" em qualquer situação é um crime, seja ele em pequenas ou grandes proporções e precisa haver punição, infelizmente, sabemos que dados aos antecedentes de corrupção no país, não houve punição para eles. Mais este escândalo do Senado, a crise que eles próprios, governantes, causaram não vai dar em nada, como sempre, tudo vai acabar em pizza, e como disse o Presidente Lula referindo-se aos senadores, em resposta à crítica da CPI da Petrobras, temos, no país, bons "pizzaiolos".

Luiz Antônio Damasceno - 19/07/2009

Fonte: O Autor
 
Por:  Luiz Antônio Damasceno    |      Imprimir