"É imprevisível o que vem depois da crise"
Ninguém está livre de acidentes de percurso. Até os que se mantém em níveis mais elevados na hierarquia econômica têm seus percalços. Por mais que os economistas e gente bem informada em finanças possam vislumbrar as oscilações do mercado, as crises surgem feito nuvens no horizonte, cujos radares não detectaram e aí a turbulência atinge a todos.
É bom lembrar que a crise não se resume na parte financeira, existem múltiplos fatores que desestabilizam e enfraquecem o sujeito. Quando o boxeador recebe um direto no queixo e vai à lona, o tempo entre a contagem e a decretação do nocaute é determinante, um turbilhão de sentimentos se mistura à dor e ao sofrimento.
Em momentos extremos, a natureza humana se revela e surpreende. Aos que se intimidam, decretando a autofalência, uma crise pode ser fatal, isto é, as sequelas ficarão para o resto da vida. Para os que, mesmo no chão, se conservam em seus postos, ou seja, não buscam fugas, um período de grande dificuldade se torna um marco, o início de uma nova etapa na vida do guerreiro. Refletir sobre os erros e os equívocos com pessoas que pareciam confiáveis é determinante, inclusive o excesso de autoconfiança deve ser banido. O "mea- culpa" é essencial para o reinício, da mesma forma, é preciso se livrar do passado e ir adiante, seguindo o exemplo da serpente que ao trocar de pele deixa para traz o que já lhe foi útil, ganhando uma nova casca.
O naturalista Charles Darwin, na teoria da Seleção Natural, afirma que: "só os indivíduos mais bem adaptados ao meio se desenvolvem." O fortalecimento pós-crise segue o mesmo princípio, ou seja, dependerá da capacidade do sujeito em se ajustar às mudanças impostas pelo mundo que o cerca. Nem sempre as perdas causadas pela recessão são recuperadas. E, nesse senso realista, a visão se abre para as possibilidades que os novos-tempos trazem.
Conclusão
Como vimos, é imprevisível o que vem depois da crise. Há quem encontre o sentido real de sua vida após um período crítico, partindo para atividades jamais sonhadas, outros, se reerguem financeiramente com a experiência adquirida, e assim, cada ser ressurge das cinzas a seu modo. Reforçando o que dissemos, quem se mantém confiante e não se despedaça durante as dificuldades, retorna fortalecido e suscetível para enfrentar outras situações que virão ao longo do caminho.
José Antonio Séspedes - autor do livro:Depressão, um beco com saída
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Fonte: O autor
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