Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 11-09-2009

MINHAS PRIMEIRAS IMPRESSÕES SOBRE O PRESÍDIO DE MARATAÍZES
Esta semana visitei o Centro de Detenção Provisória de Marataízes - CDP a convite do diretor daquela unidade prisional.
MINHAS PRIMEIRAS IMPRESSÕES SOBRE O PRESÍDIO DE MARATAÍZES
Foto: Renato Alves

Esta semana visitei o Centro de Detenção Provisória de Marataízes - CDP a convite do diretor daquela unidade prisional.

Minha visita ao CDP foi motivada em razão de um projeto que estamos desenvolvendo no âmbito da Secretaria Municipal de Educação a fim de implantar naquela Centro um braço da Biblioteca Municipal, na verdade uma mini-biblioteca com aproximadamente 400 livros, cujo objetivo é proporcionar aos detentos uma alternativa de aprimoramento cultural e uma forma saudável de ocupação de tempo.

Nesse sentido, com a cabeça voltada ao benefício social que poderíamos promover, buscamos nos preparar para a nossa visita ao CDP com a alma o mais tranqüila possível, mas ao mesmo tempo esperando encontrar, no mínimo, um pouco daquelas cenas corriqueiras já surradas nos noticiários, ou seja, corredores abarrotados de presos, ambiente insalubre, mal cheiroso, enfim, coisas do tipo.

Fomos recepcionados à entrada por um agente do sexo feminino, bastante solícita, que também nos apresentou ainda na entrada a outro funcionário, desta vez pessoa responsável pelos trâmites jurídicos, por sinal também do sexo feminino.

Aliais, fiquei impressionado (no sentido positivo da palavra) com a quantidade de funcionários do sexo feminino trabalhando em uma unidade prisional. De toda forma, apesar da educação apresentada por todas as agentes ficou patente o profissionalismo, de maneira que não pensem que o sexo dito "frágil" tem algo de fragilizado, muito ao contrário, pois o que vi foi as agentes, empunhando armas de calibre 12 entre outras, e assim de forma ostensiva e organizada, conseguir tomar conta de centenas de presos.

O presídio por sua vez, construído nos moldes americanos, ajuda muito o desenvolvimento do trabalho, pois por meio de sua concepção arquitetônica proporciona segurança máxima com um mínimo de contato entre agentes e detentos. Nesse sentido, a arquitetura foi toda desenvolvida para que os agentes normalmente circulem, monitorem e manuseiem todo presídio por meio de passarelas situadas acima do nível das celas, evitando dessa forma contatos desnecessários com os presos.

Ao contrário do esperado, o local que é limpo, organizado e onde se pratica um absoluto sistema de regras de convivência, muito diferente do cenário habitual de um presídio, nos permite arriscar dizer que o que encontramos por lá foi um aparente cenário de tranqüilidade, com silêncio reinante, celas higiênicas e até confortáveis.

Por outro lado, ficou patente em nossa visita que o sistema funciona se efetivamente forem observados os índices de ocupação previstos no projeto, pois se enquanto sociedade permitirmos que por aqui ocorram as tradicionais superlotações, muito em breve teremos, ao invés de um modelo de presídio, isso sim, um modelo de barril de pólvora pronto para estourar sobre nossas cabeças.

Por fim, ficam aqui registrados os elogios que devem ser feitos, mas também os necessários alertas, uma vez que em pouco tempo o presídio de Marataízes já está funcionando próximo a sua margem de segurança, ou seja, com sua lotação máxima.


    Fonte: O autor
 
Por:  Renato Alves    |      Imprimir