Categoria Politica  Noticia Atualizada em 30-09-2009

CPI do TREM
No final da década de 1860, o empresário londrino Jay Gould investiu pesado na Erie Railroad na certeza de que as ferrovias eram o negócio da hora.
CPI do TREM
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Manoel Manhães [email protected]

No final da década de 1860, o empresário londrino Jay Gould investiu pesado na Erie Railroad na certeza de que as ferrovias eram o negócio da hora.

No entanto, houve uma crise, Jay Gould descobriu que o mercado estava imerso numa quantidade enorme de certificados de ações falsos da empresa, ele ia perder uma fortuna e passar sérios constrangimentos.

No meio da crise, um homem chamado Lord John Gordon-Gordon apareceu e ofereceu a Jay Gould a idéia de fingir o abandono dos trens em todos os cantos de Londres simulando a falência total, assim o governo sabendo que a imagem do abandono apenas faria o mercado ficar, ainda mais, em depressão pagaria o aluguel de um enorme galpão onde os trens poderiam ficar para uma suposta reforma.

Ocorre que o galpão pertencia ao Lord John Gordon-Gordon, já sócio de Jay Gould, e estava combinado, entre eles, que o governo pagaria 10 mil libras esterlinas mensais pelo aluguel, quando, na verdade, só 6 mil iriam pro aluguel, 4 mil seriam divididos entre os secretários do governo envolvidos na operação.

Com a "propaganda" das reformas dos trens e o dinheiro do aluguel os 2 sócios compraram ações e mais ações da Erie Railroad estimulando o mercado a fazer o mesmo. A especulação deu certo, os 2 ficaram milionários. Em 1873, entretanto, Gordon-Gordon colocou no mercado todas as suas ações, ganhando uma fortuna fabulosa, mas desvalorizando drasticamente as ações de Jay Gould. Depois sumiu.

Tempos depois, Jay Gould, por meio de investigadores, descobriu que Gordon-Gordon na verdade se chamava John Crowningsfield e que era um aventureiro especialista em dar golpes.

O escândalo do aluguel do galpão derrubou o governo. O dinheiro da partilha do aluguel nunca retornou ao caixa público. O dono do galpão, a milhas e milhas de distância, morreu, sorrindo, muitos anos depois nas Ilhas de Bora-Bora na Polinésia Francesa.

O administrador público não pode nunca ficar alheio aos atos de seus secretários, o aparentemente simples aluguel de um galpão ou um espaço qualquer para guardar veículos, móveis ou mesmo para instalar uma secretaria pode acarretar desvios de conduta e verbas públicas, por isso é recomendável que as prefeituras tenham como suas propriedades de fato os espaços necessários para os fins a que se destinam, ignorar o perigo dos aluguéis é dar chance ao azar.

"Os dissabores sempre entram pela porta que lhes foi aberta". A porta, na cidade, está escancarada.



    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Manoel Manhães    |      Imprimir