Daniel é um bom rapaz. Graduado sabe que a matéria para a qual se preparou vai além do bê-a-bá.
Foto: www.maratimba.com Manoel Manhães [email protected]
Daniel é um bom rapaz. Graduado sabe que a matéria para a qual se preparou vai além do bê-a-bá. No entanto, seu conhecimento é subutilizado, coisa típica de lugar atrasado, onde a inteligência ameaça e por isso é mantida à distância e sob rédeas.
Daniel tem um grave defeito: não é político. É técnico. Estudou para extrair o melhor e não o qualquer. Sabe que nem sempre o melhor tem de ser o mais caro. Sabe que o pior pode ser, ainda, mais caro. Daniel tem o olhar crítico da profissão. Não faz as coisas só por fazer, as faz quando devem e podem ser feitas. É técnico.
Daniel não é político. Nomeado num dia, exonerado no outro. Prendeu-se a promessa de que lhe seria dado a oportunidade de mostrar o que sabe, pacientemente, aguardou sua vez. Ela chegou e se foi, não teve tempo para mostrar o que aprendera. Está em teste, não no cargo em que poderia mostrar tudo que sabe, mas submisso a quem do assunto não entende, tecnicamente falando.
Enquanto as administrações mais modernas vão pendendo para a técnica, o conhecimento, as mais atrasadas são atraídas pela politicagem, o fisiologismo.
Daniel é um crente. Crê que as pessoas honram as palavras, crê que poderia fazer muito pela cidade, crê que desenvolveria um bom trabalho, crê que seu conhecimento vale tanto quanto a politicagem. Daniel crê.
Daniel é novo, aprende. Aprende que nada pesa menos que uma promessa. Aprende que seu conhecimento está além da nossa atrasada cidade. Aprende que aqui não há lugar para quem sabe. Aprende que a politicagem fala mais alto que seu conhecimento. Aprende que deve conhecer politicagem.
Amarrada a vanguarda do atraso a cidade pára. A politicagem, qual um câncer, avança.
Fonte: Redação Maratimba.com
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