Categoria Politica  Noticia Atualizada em 26-10-2009

Apuração oficial termina e confirma 2º turno na eleição presidencial do Uruguai
Ex-guerrilheiro Mujica teve 47,5%, contra 28,5% do ex-presidente Lacalle.Oposicionistas costuram aliança para enfrentar candidato governista.
Apuração oficial termina e confirma 2º turno na eleição presidencial do Uruguai
Foto:( AFP)

O ex-guerrilheiro José Mujica e o oposicionista Luis Lacalle vão a segundo turno nas eleições presidenciais do Uruguai, confirmou nesta segunda-feira (26) a Corte Eleitoral, depois da contagem de todos os votos. Candidato governista, Mujica teve 47,5% dos votos, contra 28,5% do adversário.

Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, filho do ex-ditador Juan Bordaberry (1973-1976), teve 16,7% dos votos. Pablo Mieres, do Partido Independente, teve 2,4%. Foram às urnas 89,86% dos eleitores.

O segundo turno está marcado para 29 de novembro.

Com o resultado, a esquerda uruguaia perdeu seu domínio do Congresso.

"A sociedade exige de nós mais um esforço, participar de um segundo turno", disse Mujica, de 74 anos, em entrevista coletiva após o fim da votação.

Seu companheiro de chapa, o ex-ministro da Economia Danilo Astori, disse que a votação de domingo "indicou que nos dirigimos para a vitória, só que a vitória exige de nós um desafio a mais."

Já o ex-presidente Lacalle, de 68 anos, declarou que o povo "elegeu o Parlamento, mas com certeza está pensando em quem terá a capacidade de conduzir o Poder Executivo do país."

Seja qual for o resultado do segundo turno que vai ser disputado em novembro, ele não traria mudanças drásticas ao rumo moderado imprimido ao país pela coalizão Frente Ampla, similar na região ao Brasil e Chile, segundo analistas e os próprios candidatos.

Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, disse que convocou o Comitê Central de seu partido para que decida sua posição para novembro, mas adiantou que "pessoalmente, votarei no doutor Lacalle." "Falei com Pedro Bordaberry e estamos coordenando ações imediatas", disse Lacalle ao conhecer as primeiras pesquisas.

Os votos dos colorados seriam vitais para a intenção de Lacalle de tirar a esquerda do poder.

Mujica, popularmente chamado de "Pepe", foi um dos primeiros a votar no domingo, como o presidente socialista Tabaré Vázquez, que deixa o cargo com uma alta aprovação popular.

Depois de votar no bairro operário Cerro, o ex-guerrilheiro foi para sua pequena granja nos arredores de Montevidéu, onde foi visto trabalhando a terra com um trator.

Lacalle, um político veterano apelidado de "Cuqui", que ocupou a Presidência entre 1990 e 1995, votou no final da tarde no bairro Pocitos.
Poucas mudanças
Vázquez adotou planos sociais de ajuda aos mais pobres e uma política econômica simpática ao mercado, que salvou o Uruguai de entrar na recessão provocada pela crise mundial e evitou temores dos investidores.

Mujica tem uma posição política mais radical que o presidente, mas prometeu seguir sua linha amigável com os mercados.

O banco de investimentos Barclays Capital disse na sexta-feira em um relatório que acha que "os resultados das eleições de domingo não significam um risco imediato para a economia ou para os ativos do país."

Lacalle, advogado e proprietário de terras, fez críticas pontuais à política econômica da Frente Ampla durante a campanha eleitoral, e prometeu melhorá-la.

Segundo as projeções dos institutos de pesquisa, os eleitores rejeitaram a anulação de uma lei que descartava o julgamento de militares e policiais acusados de violar os direitos humanos durante a ditadura, salvo em casos específicos.

Teve o mesmo destino outra iniciativa do governo para autorizar o voto epistolar para os uruguaios que vivem no exterior, cerca de 700 mil pessoas ante uma população de 3,3 milhões .


Caducidade

Com relação aos plebiscitos que estão sendo realizados simultâneos às eleições, os dados indicam que não serão alcançados os votos suficientes para aprovação das reformas solicitadas.

Assim, só 45,5% dos uruguaios apoiaram a anulação da Lei de Caducidade, que deixou impunes os crimes de Estado cometidos pela ditadura militar uruguaia (1973-1985).


Fonte:

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Por:  Catarina Rezende de Carvalho    |      Imprimir