Categoria Economia  Noticia Atualizada em 19-11-2009

Dólar avança e fecha a R$ 1,734
Na sexta-feira, com o feriado da Consciência Negra em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois principais centros financeiros do país fecham e tiram a maior parte do volume do mercado de câmbio
Dólar avança e fecha a R$ 1,734
Foto: Reprodução

O dólar subiu 1% nesta quinta-feira (19), acompanhando a piora no mercado internacional após um movimento de realização de lucros. Foi também o primeiro dia após a decisão do governo de estender a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações com ADRs. Embora analistas tenham minimizado o impacto direto da medida sobre a taxa de câmbio, predominaram as críticas ao novo anúncio do governo.

A moeda norte-americana subiu para R$ 1,734. No exterior, às 16h27, o dólar subia 0,23% em relação a uma cesta com as principais moedas, o índice Reuters-Jefferies de commodities caía 1,30 por cento, e as bolsas em Nova York caíam mais de 1 por cento.

O Banco Central (BC) voltou a atuar na ponta de compra do câmbio doméstico, mesmo diante da forte valorização do dólar. De acordo com comunicado do Departamento de Operações de Reservas Internacionais (Depin), a operação teve início às 15h14 horas e terminou às 15h24. A taxa aceita ficou em R$ 1,7308.

O mercado atribuía a cautela observada em todo o mundo à incerteza sobre a retomada econômica global. Havia também, em menor grau, um pouco de precaução com a possibilidade de que outros países além do Brasil tomem medidas interpretadas como um controle de capital.

"Quando tem uma realização (de lucros) lá fora, o pessoal tem a desculpa perfeita para puxar o dólar (aqui)", disse Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora Liquidez.

Na véspera, o governo anunciou uma taxa de 1,5% em operações com ADRs, em um complemento da cobrança anunciada há um mês na entrada de capital estrangeiro em ações e renda fixa. O objetivo da nova medida é evitar que investidores buscassem a bolsa de Nova York, e não a Bolsa de Valores de São Paulo, para negociar ações brasileiras e fugir do novo imposto.

Embora profissionais de mercado afirmem que a alta desta sessão não esteve relacionada diretamente ao novo anúncio, Carvalho lembra que ele reforçou a perspectiva de agentes de mercado de que o governo está disposto a atuar sempre que a moeda se aproximar de 1,70 real.

"Ali no 1,710 (o mercado) já para, não dá muito para ficar vendido (com aposta na baixa do dólar). Não é à toa que diminui o volume", disse, acrescentando que é preciso haver alguma surpresa positiva para que o mercado tenha a força necessária para romper o suporte de 1,700 real.

Win Thin, estrategista de câmbio da Brown Brothers Harriman, em Nova York, questionou o processo de tomada de decisões pelo governo, apontando para a demora de um mês em corrigir uma distorção que já era prevista pelo mercado.

"Estava muito claro que haveria uma busca pelos ADRs para evitar a tributação. Então, o governo deveria estar preparado para isso, ou então deveria responder a isso quando o IOF foi anunciado pela primeira vez."

Na sexta-feira, com o feriado da Consciência Negra em São Paulo e no Rio de Janeiro, os dois principais centros financeiros do país fecham e tiram a maior parte do volume do mercado de câmbio. O mercado futuro, principal bússola para as operações à vista, também fecha.

Analistas minimizaram impacto do começo da cobrança do imposto.
Mercado atribuía cautela à incerteza sobre retomada econômica global.


Fonte: Valor OnLine
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir