Categoria Informativo  Noticia Atualizada em 24-11-2009

Falta ação preventiva das empresas de energia.
O blecaute que começou às 15h30 de segunda-feira e ainda não terminou em parte de Ipanema, Leblon e Lagoa, no Rio, coloca em xeque a atuação do órgão regulador e expõe falta de investimentos na distribuição de energia elétrica.
Falta ação preventiva das empresas de energia.
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"A distribuidora acaba sendo conservadora porque a própria Aneel, ao definir o aumento de tarifa, não autoriza repasse desses investimentos considerados necessários pela empresa para o preço final da energia. Então, tudo o que acontece fora do esperado, fora do plano das concessionárias, resulta em problemas de abastecimento", afirmou ao iG o diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura, Rafael Schechtman.

O consumo de energia no Rio aumentou cerca de 20% nas últimas semanas, por causa do calor acentuado e da maior aquisição de aparelhos de ar condicionado. O aumento da renda e da demanda expressiva por energia não estavam no plano das distribuidoras, segundo especialistas. O consumo estava crescendo em cerca de 4%, o que já era positivo para quem esperava queda no consumo.

"Quando a Light e outras empresas planejaram investimentos deste ano, estávamos em plena crise. Ninguém imaginava que o consumo fosse crescer tanto, porque não se pensava que as pessoas fossem comprar tanto e consumir tanta energia", acrescentou Schechtman. O especialista avalia que as empresas, principalmente as concessionárias responsáveis pelo fornecimento de energia no Rio, têm de trabalhar com margem na hora de planejar a demanda por eletricidade, por causa do verão escaldante e do perfil residencial de consumo na cidade.

"Não houve possibilidade de remanejar o fornecimento de energia de um cabo (com defeito, que provocou o apagão segundo a Light) para outro porque a rede de distribuição já estava operando em sua capacidade máxima. Está faltando uma ação preventiva das empresas e do órgão regulador", comentou o especialista.

Trechos de Ipanema, Leblon e Lagoa continuam sem luz. O Shopping Leblon, que recebe cerca de 10 mil pessoas por dia está fechado. O Rio Design Center, também não abriu nesta terça-feira, assim como outros shoppings e estabelecimentos comerciais. Fora da concessão da Light também houve cortes de abastecimento nas últimas semanas. Niterói e Búzios, municípios atendidos pela Ampla, ficaram sem luz há algumas semanas.

"O princípio é que as distribuidoras vão sempre maximizar o lucro. Cabe à agência reguladora acompanhar e fiscalizar investimentos. As concessionários têm realizado lucros expressivos nos últimos anos. O aumento tarifário foi menor que o investimento", disse ao iG Marcos Freitas, professor de Planejamento Energético da Centro de Tecnologia da Pós-Graduação da Universidade Federal (Coppe-UFRJ) e ex-diretor da Aneel. "Há indícios de que há necessidade de maior acompanhamento dos investimentos em distribuição", acrescentou.

Fora do Rio, e especialmente em São Paulo, segundo os especialistas, o cuidado das distribuidoras deve ser com o crescimento econômico. A recuperação da indústria em algum momento vai exigir maior consumo do que o planejado pelas empresas. "Qualquer coisa que aconteça fora do esperado poderá deixar as cidades às escuras", disse Schechtman.

Fonte: IG
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir