Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 17-12-2009

CONTO DE NATAL
Bonezinho Vermelho, tamb�m conhecido como Nove Dedos, costuma ser muito emotivo no �ltimo m�s do ano, �poca em que o esp�rito natalino pede passagem ao esp�rito de porco e invade seu cora��o.
CONTO DE NATAL
Foto: Paulo Ara�jo

Bonezinho Vermelho, tamb�m conhecido como Nove Dedos, costuma ser muito emotivo no �ltimo m�s do ano, �poca em que o esp�rito natalino pede passagem ao esp�rito de porco e invade seu cora��o. Este final de ano, por�m, ele encontra-se extremamente revoltado com aqueles que tentam manchar o seu reino praticando livremente a corrup��o bem pertinho do seu quintal. Num passado recente teve muito trabalho para sair-se limpo de um mar de lama que, mensalmente, amea�ava atingir sua fortaleza. Bonezinho tem ainda a mania de chamar o pa�s que governa de seu reino e o local onde despacha de sua fortaleza. Chegou a propor que a corrup��o fosse tratada como crime hediondo e que os corruptos fossem definitivamente encarcerados.

Nem sempre Bonezinho foi assim t�o radical com as propinas que corriam soltas reino afora, muito menos contra aqueles que delas se beneficiavam. Num passado recente, integrantes do Partido do Bon� usaram e abusaram do dinheiro sujo, transportado em malas e at� mesmo em cuecas. Bonezinho, entretanto, nada viu, nada ouviu, nada fez para condenar seus correlegion�rios boneleiros. Agora, a situa��o � bem diferente porque ele est� de olho na sua sucess�o (pena n�o viver eu numa monarquia, ou ter poderes absolutos � queixou-se a seu colega bolivariano � sen�o, poderia como voc�, desfrutar o poder perp�tuo! .).

Como n�o poder� contar com um terceiro mandato, empenha-se ferrenhamente na elei��o de sua colega de bon�, uma mulher t�o simp�tica quanto um p� de chuchu pendurado numa parede de cimento cru. Seu cirurgi�o pl�stico eleitoral tem feito de tudo para transformar essa dama de ferro enferrujado na melhor op��o de continuidade da era Bonezinho Vermelho. Depois de uma maratona de mais de seis meses acompanhando Bonezinho em tudo quanto � evento, inaugura��o de obras n�o terminadas, com�cios disfar�ados de fiscaliza��o de outras obras, finalmente ela conseguiu dar um sorriso amarelo, bem distante do sorriso vermelho caracter�stico dos companheiros boneleiros.

Bonezinho sabe que sua popularidade ser� capaz de trasnformar esse mico eleitoral em fen�meno das urnas, tanto que, ap�s assistir a pr�-estreia do filme encomendado a um cineasta chapa branca e bancado por empresas interessadas na continuidade do seu governo, foi �s l�grimas. "O filho do B...", que bem poderia ser "O filho da P...", mostra a trajet�ria santificada de Bonezinho no tempo em que ele era pedra e n�o vidra�a. Tudo corria bem at� aparecer um ramo de arruda no meio do caminho.

Z� Roberto sempre teve um fraco por aparelhinhos eletr�nicos. Essa id�ia fixa quase foi a causa de sua ru�na pol�tica alguns anos atr�s quando, de tanto apertar bot�ezinhos, acabou fraudando o painel de vota��es do Senado e, por isso, foi cassado. Passado o per�odo de ostracismo, reapareceu como governador da prov�ncia pr�xima � fortaleza de Bonezinho. Conviviam muito bem, pois o Bonezinho atual era bem diferente do que fora no passado. Sob nova roupagem, Z� Roberto chegou at� a ter sua popularidade em alta naquela prov�ncia. Pena que a mania de adora��o de aparelhinhos eletr�nicos continuava latente, deixando-o ser flagrado pelas lentes inocentes da empresa Dela��o Premiada, escarapichado num sof�, recebendo um simpl�rio pacotinho de dinheiro. Outras cenas surgiram, num efeito cascata, mostrando correlegion�rios recebendo e guardando quantidades absurdas de dinheiro em bolsos de cal�as, palet�s, bolsas e at� meias. O mundo desabou para Z� Roberto que, justi�a seja feita, tinha a melhor das inten��es. Amante do cinema e dos pobres, ficara entusiasmado com o filme "A Fant�stica F�brica de Chocolotates". Seu sonho era montar "A Fant�stica F�brica de Panettones", com a �nica inten��o de distribuir toda a produ��o aos pobres da sua prov�ncia.

Esta, portanto, a principal raz�o da ira de Bonezinho Vermelho. Tudo corria bem no seu reino, popularidade nas alturas, podia dedicar-se ao que mais gosta: viagens pelo mundo afora com resultados p�fios para a pol�tica externa do seu governo. Conseguira que o presidente-�ndio de um pa�s vizinho confiscasse uma empresa nacional de energia ali instalada, que o presidente-padre de outro aumentasse o valor do pagamento pelo uso de eletricidade de uma usina que n�o constru�ra, que outro presidente, amigo do bolivariano-mor, fizesse uma construtora nacional pagar uma pesada multa e quase fosse expulsa do pa�s e, no �pice de atua��o de seus boneleiros respons�veis pela pol�tica externa, dessem abrigo na embaixada de seu pa�s, a um chapeleiro maluco, ex-presidente deportado de uma rep�blica das bananas. Justo agora, quando ele se dedica a alinhavar a candidatura do seu p� de chuchu, enquanto decide que destino dar ao assassino italiano recebido como her�i pelo seu ministro da injusti�a, esse ramo de arruda aparece no seu caminho.

Moral da hist�ria: "Nossos corruptos s�o perseguidos pol�ticos e merecem prote��o, os corruptos dos outros s�o abomin�veis e merecem ser castigados pelos crimes hediondos que praticam". .


Visite meus blogs:









    Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Paulo Araujo    |      Imprimir