Categoria Policia  Noticia Atualizada em 26-02-2010

Pescadores questionam ação da PM
A ação que culminou com um pescador ferido no joelho e outro detido foi muito questionada no Porto da Barra, em Marataízes
Pescadores questionam ação da PM
Foto: José Rubens Brumana

A ação que culminou com um pescador ferido no joelho e outro detido foi muito questionada no Porto da Barra, em Marataízes, onde o barco é fundeado. A Operação Impacto Profundo III acontece no litoral brasileiro para coibir a pesca predatória da lagosta durante o período de sua reprodução que vai de dezembro a junho. Esse período é conhecido como defeso e os pescadores recebem 1 salário mínimo para se manter nesse tempo que fica sem a sua atividade pesqueira.

Ontem à tarde o barco onde trabalhava Afonso Cláudio Gomes, 53 anos, foi abordado pelos fiscais do IBAMA e policiais ambientais, o pescador, segundo relato na polícia, puxou uma faca e não deixou os fiscais entrar no seu barco. Seu companheiro tentou demovê-lo da atitude, foi nessa confusão que um PM ambiental disparou a sua arma vindo a atingir o pescador na altura do joelho. O mesmo foi socorrido pela lancha do IBAMA e depois de passar pelo Hospital e Maternidade Santa Helena, foi transferido para um hospital em Cachoeiro do Itapemirim, devido a gravidade do ferimento.

Diversos pescadores, que pediram para não serem identificados, estavam revoltados com a atitude da PM. Lembraram que em outros conflitos, com muita gravidade, na comunidade pesqueira do Pontal, a Policia Federal e a própria PM, não dispararam um único tiro. "Jogamos pedra e paus na guarnição dos policiais, mas eles agiram com cautela e tudo terminou bem", diz um pescador. Outro argumenta que o pescador está acostumado com um provento maior e se depara com um salário mínimo para sustentar a sua família por 6 meses e ainda fica proibido de realizar outro tipo de pesca pois a licença é demorada e são muitas exigências. A polícia em casos que vemos nos noticiários negocia durante longos períodos. Faltou experiência e negociação nesse caso. "Não somos bandidos e sim pais de família desesperados". Para um pescador nesse tipo de ação os policiais poderiam usar armas não letais como disparos com bala de borracha e arma elétrica. "Sempre tivemos problema com a fiscalização, mas nunca aconteceu esse tipo de coisa", ponderam. Todos são unânimes em afirmar que o período de defeso da lagosta está correto e que as punições para quem desrespeita a lei também.

O presidente da Associação dos Pescadores do Pontal, Lenilton da Rosa Silva, enfatiza que a abordagem de um barco de pesca não pode ser encarada da mesma forma que numa ação policial entre bandidos. "A calma e preparo nessa hora é fundamental para que não aconteça uma tragédia", ressaltou.

O secretário de Pesca de Marataízes Bruno Machado, que desde o momento que tomou conhecimento do incidente procurou socorrer o pescador que teve seu barco apreendido e que se encontra detido em Piúma, e da total apoio ao outro pescador atingido por um disparo de arma de fogo e que vai passar por uma cirurgia em Cachoeiro.

    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir