Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 01-03-2010

MORTE VOLUNTÁRIA – SUICÍDIO
Perde-se mais vida com suicídio anualmente do que em todas as guerras e homicídios no mundo.
MORTE VOLUNTÁRIA – SUICÍDIO

O eufemismo em nada diminui o impacto que causa o fato de alguém tirar a própria vida.
A Organização Mundial de Saúde calcula que, diariamente, cerca de sessenta mil pessoas tentam se matar. Três mil conseguem. Por ano cerca de um milhão de pessoas morrem em decorrência do suicídio.

Perde-se mais vida com suicídio anualmente do que em todas as guerras e homicídios no mundo.

O número de suicídios cresceu em 60% nos últimos 45 anos. Mesmo considerado um problema de saúde pública, o tema ainda é tabu em nossa
sociedade.

O mistério que envolve este ato faz psiquiatras, psicólogos, filósofos e outros estudiosos lançaram-se na angustiante procura de uma resposta. Por quê?

E respondê-la sem preconceito ou romantismo é tarefa muito difícil.

A resposta vem normalmente vazia, pois não diminui a nossa indignação,nossa dificuldade em compreender porque alguém desistiu de viver.

Existem alguns fatores de risco que precisamos estar atentos. A depressão é um deles.

O transtorno afetivo bipolar é outro. Mas é preciso deixar claro que a doença não é uma sentença de morte. Se elas forem diagnosticadas e tratadas com seriedade, o suicídio pode ser prevenido.

No Brasil, onde a prevenção de suicídios ainda não é tratada como prioridade, o tema é silencioso. O medo e o desconhecimento estimulam o silêncio e a sociedade se cala diante da morte voluntária. Em alguns casos a própria família pede que a real causa da morte seja alterada no atestado de óbito com eufemismos como "acidente com arma de fogo".

A sociedade ainda não está pronta para este debate e isso inclui o poder público. Mas é preciso que ele se inicie. Da mesma forma como foi necessário um incansável esclarecimento sobre a depressão para que ela passasse a ser encarada como uma doença normal e não com a
"demonização" com que era vista.

A grande questão por trás do suicídio é o que fazer e, se há o que fazer quando uma pessoa chega ao ponto de desistir da vida. Angústia, medo, culpa, desamparo, apatia, vergonha, esses são os sentimentos que corroem um ser humano até que tudo deixa de fazer sentido.

Como ajudar nesses casos?

É preciso estar atento a alguns sinais e derrubar mitos sobre o suicídio. O primeiro mito é o de que quem vive falando que vai se matar não o faz. Pesquisas indicam que 90% daqueles que tiram a própria vida dão sinais que irão fazê-lo. O comportamento auto-destrutivo e palavras de desesperança sempre se apresentam como pedidos de ajuda.Outro mito é acreditar que ao perguntar a alguém se está com intenções de se matar você estimula a pessoa a fazê-lo. Pelo contrário. Ao desconfiar dessa intenção em alguém você deve abordá-lo da maneira mais direta e dar a ela a oportunidade de falar sobre o problema. Tente entender onde dói, o que o incomoda, porque não está enxergando outras saídas. A prevenção em suicido tem um contorno diferente. Não se trata de evitar uma doença antes que ela apareça, mas de estancar um processo já em evolução.

OBS: Escrevi esse artigo pela manhã. À tarde, atendi em meu consultório uma jovem de 15 anos que havia tentado o suicídio.

    Fonte: O Autor
 
Por:  Ivilisi Soares Azevedo    |      Imprimir