Categoria Politica  Noticia Atualizada em 06-05-2010

No 1º debate, Serra, Dilma e Marina trocam cutucadas
No 1º debate, Serra, Dilma e Marina trocam cutucadas
No 1º debate, Serra, Dilma e Marina trocam cutucadas
Foto: www.redebomdia.com.br

Fernando Zanelato

Os três principais pré-candidatos à Presidência da República defenderam nesta quinta-feira o pagamento de royalties pela extração de minérios.

José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) participaram pela primeira vez de um debate após o início da pré-campanha. O evento aconteceu em Belo Horizonte, durante o 27º Congresso Mineiro dos Municípios.

Os presidenciáveis debateram no painel "Autonomia Municipal: Realidade ou Utopia?", que discutiu a concentração de recursos na União em detrimento dos municípios.

O primeiro a defender o pagamento de royalties da mineração foi Serra, enquanto falava dos valores pagos pelo petróleo.

"Tem que se estender a outros recursos naturais, na minha opinião ligado a investimento. Isso é essencial. Beneficia os municípios e todo mundo porque o governo do Estado vai fazer mais parcerias", disse.

Dilma, que falou em seguida, defendeu a ideia do tucano. "Concordo com royalties da mineração. É uma questão de dívida com a nação", afirmou.

Marina, que chamou o pré-candidato do PSDB de Zé, defendeu a discussão do assunto. "É preciso discutir porque o que se paga hoje é baixíssimo e ainda tem isenção do ICMS. Isso não é justo porque o Estado de Minas acaba não se beneficiando dessa riqueza."

Atualmente, as alíquotas do setor variam de 0,2% a 3%, sobre o total das receitas de vendas de minérios. O governo criou um grupo recentemente para definir um novo percentual, que poderia chegar a 6%, segundo cálculo inicial do Ministério de Minas e Energia.

A cada declaração dos candidatos, os prefeitos presentes batiam palma. Minas Gerais é o maior produtor de minérios e detém 43% dos royalties da mineração.

Cutucadas

Serra, Dilma e Marina trocaram ataques durante o encontro e insistiram na necessidade de valorizar os municípios.

O tucano brincou diversas vezes sobre futebol e chegou a deixar a petista em uma saia-justa ao dizer que ela torcia para o Atlético Mineiro. Parte da plateia vaiou a candidata.

Dilma devolveu a provocação depois que o ex-governador de São Paulo elencou dificuldades para aprovar uma reforma tributária no Brasil.

A petista citou feitos do governo Lula que, segundo ela, eram considerados "impossíveis" pelas gestões anteriores, em alusão ao tucano Fernando Henrique Cardso.

"O Brasil só vai mudar se nós encararmos as coisas difíceis. Persistência e coragem é algo que é possível que nós façamos", disse, para completar.

Serra, que tinha falado antes nessa pergunta, disse que a reforma tributária "precisa ser encarada como algo que não tenha a ver com governos, com partidos."

"É preciso encontrar mecanismos de curto prazo porque implantar uma reforma demora muito."

A senadora Marina Silva defendeu a criação de uma Constituiente exclusiva "para fazer as reformas importantes que precisam ser realizadas, entre elas a tributária."

"Se isso for juridicamente possível, é um passo para se fazer", afirmou.

Marina atacou tanto o PSDB como o PT por ter impedido a realização da reforma tributária. Dos tucanos, disse que eles tentaram governar sozinhos e tiveram que se aliar aos Democratas.

Sobre o PT, seu antigo partido, a senadora criticou a aliança com o PMDB, principal parceiro político de Dilma.

"Precisamos acreditar na ética dos valores. Tentamos governar sozinhos no PT, sem dialogar com o PSDB e acabamos com o pior do PMDB".

Serra aproveitou o ensejo para afagar os adversários. "Se eu for eleito, vou querer tanto o PT como o PV no meu governo. O Brasil vai precisar estar junto nos próximos anos", disse.

Ele também elogiou a ajuda do governo Lula aos municípios no ano passado durante a crise econômica mundial.

"É verdade que o governo federal tentou compensar as perdas do Fundo de Participação do Município. O governo Lula atuou com regularidade. Eu reconheço isso", elogiou.

Para Serra, é preciso criar um mecanismo automático de perdas de incentivo e citou o exemplo do IPI "Imposto sobre Produtos Industrializados".

"Nós devemos em uma discussão técnica e política. Eu não tenho aqui a formula, mas não falta imaginação para fazer."

Confusão

Serra enfrentou um protesto de professores da rede estadual de Minas na chegada ao pavilhão da Expominas. Houve um confronto entre militantes do PSDB, seguranças e os docentes. Serra quase foi agredido.

Houve troca de socos e pontapés. A Polícia Militar usou spray de pimenta para afastar os cerca de 200 professores e os militantes. Serra só conseguiu ter acesso ao congresso pelo estacionamento.

Dilma entrou pela porta dos fundos do local e não viu a confusão, assim como Marina, que chegou mais cedo, quando não havia aglomeração.

No 1º debate, Serra, Dilma e Marina trocam cutucadas
Frente a frente, presidenciáveis afagam prefeitos e prometem aumentar royalties sobre a mineração

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir