Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-05-2010

Brasileira que vive na Tailândia diz que bombas e tiros legi
Manifestante incendeia um pneu em protesto em Bangcoc
Brasileira que vive na Tailândia diz que bombas e tiros legi
Foto: Wason Wanichakoen/AP

Uma brasileira que vive há um ano em Bangcoc e mora a cerca de 20 quilômetros da região dos confrontos entre manifestantes antigoverno e soldados que já deixaram 31 mortos desde quinta-feira na Tailândia afirma que o conflito mudou a rotina das pessoas que vivem na área. A região é atingida diariamente por tiros, bombas e mísseis, legitimando um verdadeiro clima de guerra na cidade.

Gabriela Spaizmann, de 26 anos, disse que o centro financeiro foi completamente fechado, impedindo inclusive a circulação de carros. Shoppings, cinemas e bares também não abrem mais as portas. Muitas empresas dispensaram os funcionários e tiveram de interromper as atividades enquanto os confrontos não acabam.

O metrô também parou de funcionar na região, o que tem prejudicado ainda mais o trânsito na cidade, já complicado normalmente, revela a brasileira. De acordo com ela, muitos ônibus também mudaram o percurso por conta das áreas fechadas.

Para Gabriela, o cancelamento das atividades econômicas assusta porque pode custar os empregos das pessoas.

A jovem, que é de São Paulo, foi morar na Tailândia para fazer mestrado e atualmente trabalha com consultoria em direitos humanos no país. Gabriela mora em um bairro chamado Pinklao e diz que pretende ficar na Tailândia por mais alguns anos.

A brasileira revela, porém, que o cenário de caos em Bangcoc é vivido apenas por quem mora bem próximo à área tomada pelos manifestantes, conhecidos como camisas vermelhas.

Segundo a jovem, os manifestantes chegam a controlar a passagem de civis nas áreas dominadas por meio de uma espécie de revista.

Rotina
Gabriela compara o centro atingido com a região da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. De acordo com ela, é como se todas as ruas próximas à Paulista tivessem sido dominadas por manifestantes, impedindo que todo o comércio e empresas da região dessem continuidade ao trabalho.

Nas demais áreas de Bangcoc, contudo, a brasileira conta que as atividades continuam normalmente. "A rotina mudou para quem está perto da área atingida", diz.

Apesar de não morar na região dos conflitos, Gabriela revela que precisou parar de ir às aulas de tailandês e dança que fazia na área. Os encontros que ela marcava com seus clientes em um café na região também tiveram de ser transferidos de lugar. "O local está cercado, fechado. Ninguém pode passar."

A brasileira afirma que, apesar do cenário de guerra na área central, fica bem claro à população que os confrontos são entre os soldados e os manifestantes. "O clima é de guerra, as imagens são de guerra, mas não estou preocupada achando que vou ser atingida, porque não sou o alvo", diz.

Ela afirma, porém, que há o risco de um civil ser atingido caso tente passar próximo à área dos confrontos entre os camisas vermelhas e os soldados tailandeses. "São os manifestantes de um lado e o exército do outro. Se tiver uma pessoa passando pela rua, mesmo não sendo o alvo, ela corre o risco de ser atingida", diz.

Roupas vermelhas
Por conta dos confrontos, Gabriela diz que prefere não conversar muito com tailandeses a respeito do conflito, já que ela afirma ser difícil saber se a pessoa será a favor ou contra os manifestantes.

A brasileira disse que, há algumas semanas, ela e seu namorado vestiam por coincidência roupas vermelhas e foram abordados por um tailandês, que quis saber se ambos eram simpatizantes ou faziam parte dos manifestantes antigoverno. "Por via das dúvidas, então, aposentamos as peças vermelhas do vestuário", disse.

Ela conta que o vermelho passou a ter forte denominação política no país e, por conta disso, pessoas que não querem se identificar com o movimento evitam usar essa cor de roupa.

Brasileira que vive na Tailândia diz que bombas e tiros legitimam guerra
Gabriela Spaizmann, de 26 anos, vive há um ano na Tailândia.
Ela não usa camisa vermelha para não ser confundida com manifestantes

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir