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Polícia quer acareação entre vigia preso e ex de Mércia

Investigação quer colocar suspeitos de matar advogada frente a frente. Evandro acusa Mizael de matar mulher; ex, que está foragido, nega crime.

Foto: www.maratimba.com

A Polícia Civil de São Paulo quer realizar uma acareação entre o vigia preso por suposto envolvimento no assassinato de Mércia Nakashima e o ex-namorado da vítima, apontado como principal suspeito pelo crime e que está foragido. A investigação quer colocar Evandro Bezerra Silva e Mizael Bispo de Souza frente a frente para esclarecer divergências apresentadas nos depoimentos dos dois sobre o desaparecimento e morte da advogada de 28 anos. Além dessa, mais outras acareações estão previstas.

O vigilante Evandro acusa o advogado e policial militar Mizael pelo crime. Segundo o depoimento que ele prestou sexta-feira (9) em Sergipe, onde foi detido, o ex-namorado de Mércia a matou no dia 23 de maio numa represa em Nazaré Paulista, no interior do estado de São Paulo. O motivo do crime seria ciúmes. Na sua versão, o suspeito não aceitava o fim do relacionamento de quatro anos com a vítima. Ainda de acordo com o relato do segurança, ele foi buscar o colega no mesmo local, mas alega não ter participado do homicídio.
Apesar disso, a polícia indiciou o vigia pelo homicídio. Ele está preso temporariamente por 30 dias, por determinação da Justiça, na carceragem do 1º Distrito Policial, em Guarulhos, na Grande São Paulo, porque faltou a um depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na capital paulista.

Mizael, por sua vez, sempre negou qualquer envolvimento no sumiço e na morte da ex-namorada em quatro depoimentos ao DHPP. Ele alegou que não podia ter cometido um crime porque estava com uma mulher que ainda não foi localizada. Além disso, a investigação divulgou que dados do rastreador do seu carro e informações a partir das quebras dos sigilos telefônicos mostram que Mizael e Evandro conversaram antes, durante e depois do crime. E também estiveram perto do local onde Mércia desapareceu e de onde foi achada morta.

Foragido
O ex-namorado de Mércia é considerado foragido da Justiça desde sábado (10), quando foi decretada sua prisão temporária. O pedido foi feito pela polícia após o segundo depoimento de Evandro dado ao DHPP em Sergipe. No primeiro, fornecido aos policiais sergipanos, ele negou qualquer envolvimento.

O corpo da advogada, que estava sumida desde 23 de maio, após sair da casa dos avós em Guarulhos, foi localizado em 11 de junho na represa. Um dia antes, seu veículo tinha sido localizado submerso no mesmo local. Análises preliminares dos peritos da Polícia Técnico-Científica revelam que ela foi baleada de raspão no rosto e teve fratura no maxilar. rovavelmente, teria sido agredida e desmaiou ao ser atingida pelo disparo. Em seguida, de acordo com a perícia, o carro onde ela estava foi empurrado com a vítima dentro da represa.

Uma denúncia feita por um pescador levou bombeiros ao local onde estava o carro de Mércia na represa. Ele contou à polícia que tinha visto o veículo parar na represa em 23 de maio. Do carro, saiu um homem não identificado. Após isso, afirmou ter escutado gritos de mulher e, em seguida, viu o veículo afundar. Uma reconstituição baseada no depoimento da testemunha deverá ser feita até o fim deste mês.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) que irá apontar a causa da morte de Mércia deve ser concluído nesta semana, mas tudo indica que ela teria morrido afogada. Os exames no automóvel da advogada, realizados pelo Instituto de Criminalística (IC), tentam encontrar vestígios que ajudem a identificar o assassino ou os assassinos.

Para o delegado Antonio de Olim, do DHPP, pelo menos três pessoas podem estar envolvidas o assassinato de Mércia. Além do vigia e do ex-namorado da vítima, uma dos irmãos de Mizael também é investigado por suspeita de ter participado do crime.

Após a conclusão do inquérito policial, que culminará com o indiciamento dos eventuais responsáveis pelo crime, o Ministério Público já se mostrou favorável a denunciar todos pelos crimes de homicídio qualificado (motivação torpe, que seria a intolerância de Mizael com o fim do relacionamento), ocultação de cadáver (a advogada foi jogada ferida dentro do seu próprio carro na represa) e sequestro (ela teria sido forçada a dirigir até Nazaré Paulista, onde foi morta).

Acareação, recurso e críticas
O promotor Rodrigo Merli Antunes afirmou que o crime cometido contra Mércia é hediondo. "Só falta definir quem fez o que", disse Antunes sobre individualizar as responsabilidades pelo homicídio. "Saber quem foi o mandante, o executor e o colaborador".

Questionado sobre a provável acareação entre o vigia e o ex da vítima, o promotor respondeu nesta segunda-feira (12) que: "eventual acareação pode ocorrer tanto no inquérito como no processo. Por ora ela está prejudicada ante a fuga de Mizael".

O advogado de Mizael, Samir Haddad Júnior, afirmou que irá recorrer nesta segunda da decisão judicial que decretou a prisão de seu cliente. Para o defensor, o decreto "foi abusivo". Por esse motivo, ele orientou o ex de Mércia a não se entregar até a entrada e julgamento do seu pedido.

O advogado de Evandro, José Carlos da Silva, informou que vai pedir para as autoridades apurarem como seu cliente prestou os depoimentos em Sergipe. Ele suspeita que o vigia possa ter sido coagido a mudar a versão anterior dada à polícia sergipana. "O primeiro depoimento o isentava do crime, o segundo o coloca ajudando o Mizael a fugir. Isso precisa ser apurado", disse.

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Por: Miguel R. Pereira Netto | Imprimir