Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 22-07-2010

A INJEÇíO DO NOCAUTE...
Há meses venho buscando atendimento de saúde no Pronto Atendimento Paulo Pereira Gomes em Cachoeiro de Itapemirim...
A INJEÇíO DO NOCAUTE...

Por Luciana Maximo
Há meses venho buscando atendimento de saúde no Pronto Atendimento Paulo Pereira Gomes em Cachoeiro de Itapemirim como em outros consultórios. Faço inclusive tratamento com cardiologista.

Bem, na madrugada de sábado para domingo com muita dor de cabeça, na nuca principalmente, voltei ao Centro Médico, depois de passar uma noite inteira em claro. Para minha surpresa a médica plantonista já até me conhecia, uma vez que nos últimos quatro meses minhas visitas têm sido muito freqüentes.

Era de madrugada, por volta de 5h00 e pouca da manhã de sábado 17/07. O atendente foi até uma sala acordar a doutora que dormia um sono tranqüilo. Ainda abrindo os olhos a mesma se dirigiu ao consultório que, por incrível que pareça estava sem luz.

Apertei o interruptor e ela me disse: _ a lâmpada está queimada. Achei estranho a médica sonolenta me atender numa sala sem luz elétrica. Mas tudo bem. Relatei o que sentia e disse que já estou em tratamento médico, mostrei os remédios que retirei dos bolsos. Um contra hipertensão, outro calmante e mais um para fazer xixi, e controlar a pressão arterial. Ela sequer olhou os medicamentos e foi me receitando duas injeções. Uma na veia que tomei junto com uma bolsa de soro e outra no músculo que doeu três dias.

Após o técnico me aplicar à injeção, questionei que caceteação era aquela que doía tanto, ele rindo disse, você ainda não viu nada. Essa é uma Fenergan! Fiquei sem palavras e disse: ‘cara, estou de moto, como vou embora’? Ele disse você vai dormir um pouco e depois melhora.

Passados 1h00 senti que não estava bem, me sentia tonta e precisava voltar para casa. Liguei a meu sobrinho que foi ao pronto atendimento com a namorada me resgatar. Cheguei á casa me joguei na cama e dormi o dia inteiro.

No domingo, mais sóbria após o efeito da tal da Fenergan liguei a uma amiga que me levasse de volta ao Paulo Pereira, pois minha dor de cabeça estava me deixando quase louca e não parava.

Antes de o médico me atender me perguntou qual era minha profissão. Disse que era professora e jornalista que todas as bombas caiam sobre minha cabeça. Ele logo concluiu que minha dor poderia ser estresse. E era, pelo visto, já que a pressão chegava a casa 16.

Num tom de sarcasmo perguntei se ele também iria prescrever a Fernegam e o doutor disse: ‘não, essa injeção é para intoxicação, ou para fazer dormir’. Relatei ao doutor que amanhecera na manhã do dia anterior lá e que havia tomado a tal Fenergan. Ele concluiu que a médica pode ter achado que eu estava estressada e precisava dormir, já que havia passado uma noite em claro.

Eu sorri e disse é, vai ver que ela queria que eu dormisse com ela no quartinho onde tirava um cochilo. Veja, se a tal Fernegam deixa o paciente sonolento e eu estava de moto, onde dormiria? Mas deixemos as conjecturas e vamos ao que interessa.

Era mesmo o mais indicado a Fernegam naquele momento? Em que situações um doutor prescreve tal medicamento? E seu eu fosse de moto embora e sofresse um acidente? Alguém certamente diria, é mais um caso de imprudência no trânsito, enquanto, nossos plantonistas dormem, acordam sonolentos, num consultório sem luz, prescreve Fenergam para dor de cabeça. Imprudência de quem? Ao doutor da tarde de domingo que me atendeu muito bem, devo meus agradecimentos e devo lhe dizer que me demonstrou profissionalismo ver os remédios que estou tomando e me encaminhar a um neurologista e solicitar que fique alerta, pois é a partir de uma dor de cabeça que um individuo pode sofrer um AVC e depois entrar para a lista de pacientes hipertensos que não se cuidava direito. Mas é preciso aguardar a lista do SUS. ‘Êta’ novela essa nossa saúde!

É isso, quero saber para que serve a tal da Fenergan de fato e, se for para dormir, quando tiver insônia já sei aonde ir e a quem procurar para que me prescreva tão nocauteadora injeção.

    Fonte: A Autora
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir