Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 28-07-2010

SEDE NíO É NADA
Já entramos pra valer no período de campanha eleitoral no Brasil.
SEDE NíO É NADA

Juliano Ribeiro Almeida

Já entramos pra valer no período de campanha eleitoral no Brasil. Parafraseando o presidente, nunca antes na história desse país se gastou tanto com campanhas partidárias. Está aberta a maior temporada de desperdício de papel, de poluição sonora e visual do mundo. O que se gasta com propaganda e marketing entre os partidos, de direita e de esquerda, seria suficiente para causar certo impacto social se fosse investido em melhorias para a população. Se a isso se somassem os valores pagos em multa pelo próprio presidente da república por desrespeitar a lei eleitoral, a verba ficaria ainda mais impactante.

Os perfis já estão lançados, como búzios na peneira para ver quem tem mais sorte. Dilma ficou quase bonita depois de retirar os óculos e começar a esboçar sorrisos. Marina mudou o vestuário, ficou mais light e foi até pra Nova York. Só o Serra é que não conseguiu ainda melhorar em nada esteticamente; vamos ver se evolui ao menos em seu programa de Indio, com o perdão do trocadilho. Política em tempos de fotoshop e redes sociais é assim, como escreveu Maquiavel: "Não importa se o homem é virtuoso; mais vale parecer virtuoso". Uma famosa propaganda de refrigerante, tempos atrás, já proferia este oráculo dos tempos atuais: "Sede não é nada. Imagem é tudo".

Acusações graves. Eis o que tem colocado e tirado homens do poder neste país. Acusações que dão em nada; folhas ao vento. Foi assim que Collor venceu Lula em 89. É assim que Serra pretende ligar o PT às Farc. É assim que Dilma está pronta para atingir Serra recorrendo ao mensalão mineiro se por acaso Serra ousar contra o PT lembrando o mensalão de Roberto Jefferson. Ninguém é punido, mas todos sabem que todos têm culpa. É a velha história do telhado de vidro...

Seria o caso de estabelecer como critério, nestas eleições, quem é o menos pior? Quando o partido mais ligado às antigas oligarquias se chama Democratas ou quando um programa socialista de governo parece mais neoliberal que os próprios neoliberais conseguem conceber, será que ainda se pode levar política a sério neste país? Aí vem o chavão: reforma política já! É o que todos dizem querer. Mas, na prática, querem mesmo apenas uma restauração. Aprendi isso com o IPHAN: quando se trata de ressaltar o que sempre se teve, faz-se restauração; reformar quer dizer limpar tudo e criar de novo. Para isso ninguém com chance de ganhar tem disposição.

Juliano Ribeiro Almeida, twitter.com/padrejuliano, é padre católico, reside e trabalha no bairro IBC, em Cachoeiro de Itapemirim-ES

Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir