Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-09-2010

Protestos em Moçambique contra alta de preços deixam quatro
Maputo (Moçambique) - A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou que quatro pessoas morreram durante as manifestações desta quarta-feira (1/9) em Maputo. A capital moçambicana praticamente parou por causa de uma série de protestos contra os aume
Protestos em Moçambique contra alta de preços deixam quatro
Foto: www.maratimba.com



Manifestantes fecharam o trânsito em várias regiões da cidade logo cedo. O transporte coletivo por vans – os chamados "chapa 100" - não funcionou. Milhares de pessoas tiveram que andar para tentar chegar ao trabalho, formando enormes filas ao longo das estradas onde poucos carros trafegavam. À tarde, o centro da cidade ficou deserto. Lojas e bancos fechados, ruas vazias, poucos carros, nenhum ônibus. As escolas mandaram as crianças de volta para casa. Segundo levantamento do jornal A Verdade, houve protestos em mais de 50 pontos da capital moçambicana.

A Embaixada do Brasil em Maputo suspendeu o expediente. E mandou uma mensagem aos brasileiros cadastrados recomendando "à comunidade brasileira evitar deslocamentos e circular pela cidade". Também deixou um telefone de plantão (00 XX 258 82-283 53 30). Até agora não há informações de brasileiros feridos durante as manifestações.

Houve choque com a polícia em muitos dos bloqueios feitos nas avenidas da capital. Foram presas 142 pessoas. Pelas contas da PRM, 27 ficaram feridas. Mas, de acordo com a Cruz Vermelha, pelo menos 46 pessoas deram entrada com ferimentos somente no Hospital Central de Maputo. Dois são policiais.

Pelo menos oito veículos foram queimados, sendo três ônibus. Alguns carros que tentaram furar os bloqueios foram parados e incendiados pelos manifestantes. Um vagão de trem carregado de milho e 32 lojas foram saqueados. No Xiquelene, um dos maiores mercados populares da cidade, várias pessoas saíram carregando sacos amarelos de arroz e outras mercadorias. Na região do Triunfo, moradores fecharam a principal avenida do bairro com pedaços de cimento, troncos, cacos de vidro e pneus em chamas. Mesmo com muitas crianças nas pistas, a polícia tentou reprimir os protestos com bombas de gás lacrimogênio e tiros para o alto.

Segundo o porta-voz da PRM, Pedro Cossa, a polícia agiu com a firmeza que o momento pedia e usou somente balas de borracha. Mas várias pessoas deram entrada nos hospitais apresentando ferimentos que alegavam ser resultantes de disparos.

A Organização dos Trabalhadores de Moçambique (OTM) descartou qualquer envolvimento na organização dos protestos. Desde domingo, mensagens circulam na internet convocando os moçambicanos para as paralisações. "Prepara-te para a greve geral", diz o texto, que não tem assinatura e reclama do "preço do pão, da água e da luz". E termina com um comando: "Desperte".

O salário mínimo moçambicano é de cerca de R$ 120. Mas um grande número de jovens sobrevive na informalidade. Os ambulantes lotam as calçadas de Maputo, vendendo de chinelos e adaptadores de tomadas a artesanato e créditos de telefone celular.

O presidente de Moçambique, Armando Guebuza, fez um pronunciamento na televisão no início da noite. Lamentou as mortes e as depredações, que chamou de "vandalismo e destruição". "Nossos compatriotas que são usados nesta agitação estão a contribuir para trazer luto e agravar as condições de vida dos nossos concidadãos".

Guebuza disse que fatores externos pressionam a economia do país, mas que foram tomadas medidas para combatê-los, como os subsídios ao combustíveis e ao trigo. Afirmou que governo está implementando o plano para aumentar a produção de alimentos e intensificar a luta contra pobreza que, segundo ele, já trouxe progressos. "É participando na implementação deste programa, e não se opondo ou destruindo seu resultado, que melhoraremos nossas condições de vida", afirmou o presidente, que encerrou o pronunciamento com um pedido à população para que tenha calma, além de "dissuadir os ingênuos, manter a vigilância e alertar as autoridades contra o que pode vir a atentar a ordem."

Fonte: CB
 
Por:  Joilton Cândido Vasconcelos    |      Imprimir