Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 10-09-2010

LIMPEZA NA FICHA E NA VIDA
Tamb�m num per�odo de elei��es, h� alguns anos, surgiu a lei que passava a considerar crime a compra e venda de votos. Neste ano,
LIMPEZA NA FICHA E NA VIDA
Foto: www.maratimba.com


Tamb�m num per�odo de elei��es, h� alguns anos, surgiu a lei que passava a considerar crime a compra e venda de votos. Neste ano, bem �s v�speras do pleito, foi a vez da chamada "lei da ficha limpa", que impede pessoas condenadas em processo judicial a se candidatarem a cargos p�blicos. Ambas foram leis de iniciativa popular, votadas e aprovadas pelo Congresso Nacional. � lament�vel que leis importantes como essas n�o tenham surgido da pr�pria iniciativa dos parlamentares, uma vez que eles s�o eleitos para serem nossos representantes, justamente para que fa�am por n�s tudo isso. Mas n�o faz mal. Se eles n�o fazem, fazemos n�s mesmos. O importante � que se fa�a.

A onda agora � procurar saber quais candidatos s�o "fichas sujas" e evitar votar neles. Mas poderia-se perguntar: pode-se votar, com consci�ncia tranquila, em qualquer candidato que seja ficha limpa? A resposta parece ser clara e objetiva: n�o!

Primeiro porque n�o ser ficha suja n�o � sin�nimo de ser virtuoso ou digno do mandato; n�o ter "culpa no cart�rio" � a obriga��o b�sica de qualquer cidad�o e n�o h� hero�smo algum nisso. Dever�amos procurar saber n�o simplesmente se os candidatos desviaram ou n�o recursos p�blicos em gest�es passadas, mas que projetos eles t�m para o pa�s, que ideias eles defendem. Sem esse crit�rio, poderia-se pensar que j� conv�m votar naquele pol�tico carreirista desde que ele n�o esteja envolvido nalgum dos diversos esquemas de corrup��o � tona.

Segundo porque ser ficha limpa n�o significa necessariamente ter vida limpa. Quem n�o concorda considere quantos bandidos est�o soltos por a�: eles podem ter a ficha limpa na pol�cia, apesar de terem a vida privada t�o suja quanto os criminosos presos. Ser ficha limpa � apenas um crit�rio b�sico, o m�nimo necess�rio para se levar uma candidatura a s�rio. Mas n�o basta. A lei que impugna os fichas-sujas corre o risco de ser a oficializa��o da filosofia do "menos pior": sabe-se que o fulano n�o � l� t�o confi�vel, mas vota-se nele por desencargo de consci�ncia, enquanto o nome dele ainda n�o se sujou.

A tradi��o pol�tica brasileira � frouxa e pouco exigente. Neste pa�s, quase se tolera mais facilmente uma improbidade administrativa na gest�o p�blica do que um passe errado no futebol. Fico abismado ao ver, em alguns bairros, aquelas faixas com dizeres de "muito obrigado" ao pol�tico que viabilizou o projeto de determinada obra. � como se n�o se soubesse que quem patrocinou toda aquela obra foram os impostos que n�s mesmos pagamos. N�o h� que se agradecer ao pol�tico por ele fazer � muitas vezes minimamente � o que � pago para fazer mesmo. E bem pago, diga-se de passagem...

Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir