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TRAIÇíO E PSICOLOGIA – CONTINUAÇíO...
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Continuando as divagações do artigo anterior, vamos começar pelo mito da cara metade. A terra, em sua origem, teria sido povoada por seres andrógenos ( dotados de dois sexos), que ousaram tentar subir aos céus para combater com os deuses. Zeus , para enfraquecê-los, decide cortá-los ao meio. Desde então, cada metade procura sua outra parte com o desejo de se fundir ao objeto amado e voltar a construir um no lugar de dois. Essa ilusão está na base de inúmeras traições, pois quando percebemos que quem está ao nosso lado não é a nossa metade ideal, então vamos procurá-la em algum outro lugar, com a romântica expectativa de que ela existe. Milhares de pessoas passam pela vida procurando o parceiro ideal sem nunca encontrá-lo. O jovem Narciso, de uma beleza infinita, teria vida longa desde que nunca contemplasse a própria face. Morreu ao cair em uma fonte onde admirava seu rosto no espelho d’água e ali nasceu uma flor que leva o seu nome. Despertou inúmeras paixões e não se ligou a nenhuma, bastava-se a si mesmo. Cada um de nós vive essa procura de si mesmo e não é raro esperar que o outro desempenhe essa função de espelho que irá nos ajudar na nossa própria construção. Mais uma vez a traição aí se instala, porque a decepção de não encontrar em nosso parceiro o reflexo de nós mesmos nos levará em outra direção, na direção de muitos outros ou outras que certamente não preencherão o nosso vazio existencial. A famosa síndrome do Don Juan, homem gentil, compulsivo por seduzir, com imensa facilidade para se envolver sexualmente, mas um fracasso no envolvimento emocional, também explica muitas traições. Por ter sido rejeitado na infância pela mãe, busca incansavelmente em todas as mulheres a imagem materna divinizada. Podemos continuar seguindo exaustivamente por várias divagações e constatações, mas nenhuma delas ameniza a dor de uma traição. A maravilhosa Simone de Beauvoir diz que podemos perdoar uma traição, mas jamais a esqueceremos. E para um comentarista do artigo anterior que diz que o homem, em função da sua condição animal, sexual e hormonal, estará sempre a procura de uma fêmea para engravidar, sugiro que seu próximo relacionamento seja com uma égua, pois esta não se importará caso ele resolva trocá-la por uma cadela. Fonte: A Autora
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| Por: Ivilisi Soares Azevedo | Imprimir |
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