Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 15-09-2010

O BRILHANTE ATO DE ENSINAR
Sacudida na madrugada pus-me a poetizar sobre o brilhante ato de ensinar.
O BRILHANTE ATO DE ENSINAR

Ditar? Como poderia ter aprendido a escrever com ditados? Gritos, determina��o. Castigo, morda�a, caro�o de milho, tortura e reda��o?

Ufa! Uma condena��o sum�ria que fugi pelas grades e busquei absolvi��o.

N�o estamos castigando e matando nossos educandos? Usando pr�ticas ultrapassadas, conceitos deteriorados? Did�ticas que n�o cabem mais a nossa realidade? Ensinar n�o pode ser o ato de torturar, n�o pode limitar, duvidar, humilhar, castigar, amorda�ar, n�o pode permitir ao outro desistir de acreditar.

Aprender tem de ser livre, sem determina��o, sem gritos de cala a boca ou qualquer outro tipo de humilha��o. � uma pe�a de teatro onde todos s�o atores num grande espet�culo.

� preciso aprender a aprender partilhar, negociar, dialogar, trocar conhecimentos, oportunizar o outro trilhar.

Ensinar � mais que sugerir, � possibilitar _ Mostrar e iluminar.

H� algum tempo o ensino da L�ngua Portuguesa aparecia em 2� lugar numa classifica��o e ojeriza. Os estudantes deste pa�s, bonito por natureza e aben�oado por Deus apontavam a disciplina com uma das piores.

Vi-me vilipendiada nas s�ries iniciais no meu direito de aprender. Infinitas vezes humilhada, castigada e reprovada oito anos. At� a faculdade fui esquecida e classificada de desinteressada, na �ltima cadeira. N�o iria ser nada, estava literalmente condenada ao fracasso.

Ouvi diversas vezes: �esse texto n�o � seu�! �Escreve de novo�. �Refaz�! �O que � isso�? N�o sabe a diferen�a de isto ou aquilo? Reprovada! O julgamento da masmorra, feito por ditadores condenavam-me sem piedade a repetir sempre.

Nunca desejei me vingar de ningu�m, dos professores que marcaram minha trajet�ria demarcada por derrotas, repet�ncias. At� caro�o de milho me colocaram de joelhos.

Eu fiquei de joelhos in�meras vezes, arremessada da janela sobre trilhos para que o trem me esmagasse. O trem da ignor�ncia, do fracasso e da derrota.

Mas, estava no meu destino ser educador. Ser professor e de l�ngua, exatamente a disciplina que mais tive problemas, tudo isso pelo simples sonho de me tornar escritora.

N�o sabia conviver com a escrita. N�o me ensinaram. N�o me iluminaram, n�o me convidaram para esse processo.

Nesse sonho dantesco e quase irreal comecei a delirar sozinha e escolhi aprender portugu�s. N�o tinha pretens�o de ensinar, s� queria aprender. Ensinar para mim � provocar, sacudir a mente, fazer pensar, direcionar, partilhar, trilhar juntos. Ensinar deve ser para o outro o brilhante ato de informar, dialogar, abrir porteiras, conduzir destinos. E n�o pode ser irrespons�vel, impensado, de qualquer maneira. � o destino do outro � que est� em nossas m�os.

Aprender a aprender para ensinar a partilhar, a conduzir o outro ao p�dio da vida, da sobreviv�ncia, do sucesso, da capacidade de pensar, questionar, opinar e mudar os seus pr�prios destinos. O brilhante ato de ensinar!

Por Luciana Maximo

Fonte: A Autora
 
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