Categoria Informativo  Noticia Atualizada em 14-10-2010

Bruno nega, perante juíza, que sofreu ameaças de advogado
Sérgio Rosa Sales, primo do jogador, foi dispensado de audiência. Juíza diz que pretende ouvir delegados ainda nesta quinta-feira (14).
Bruno nega, perante juíza, que sofreu ameaças de advogado
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A audiência para ouvir testemunhas sobre o desaparecimento de Eliza Samudio começou às 9h25 desta quinta-feira (14), no Fórum de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Logo na abertura, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues solicitou a presença do goleiro Bruno, que respondeu a uma pergunta. A juíza perguntou ao réu se, em algum momento do processo, ele sofreu ameaças. Bruno negou e reafirmou que nunca foi ameaçado pelo advogado que o defende, Ércio Quaresma. O jogador voltou a dizer que Ércio é como um pai para ele e avaliou como muito profissional a conduta do defensor.

A audiência começou sem a presença do réu Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno Fernandes. Ele chegou a comparecer ao fórum nesta quinta-feira (14), mas foi liberado a pedido do advogado Marco Antônio Siqueira. O defensor alega que o cliente está sendo assediado por outros advogados e pressionado a trocar de representante.

A primeira a depor como testemunha de acusação é a mulher do caseiro do sítio de Bruno em Esmeraldas, na Grande BH. Em seguida, a previsão é que um policial seja ouvido. Se houver tempo, mais quatro testemunhas comparecem ao fórum, arroladas pela defesa, segundo afirmação da juíza no início da sessão desta quinta (14). Dentre elas estão os delegados Edson Moreira, Wagner Pinto, Alessandra Wilke e Ana Maria dos Santos. Além deles, faltam ser ouvidas mais sete testemunhas de defesa.

De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), os demais réus - Bruno Fernandes; Dayanne Souza, mulher de Bruno; Fernanda Gomes de Castro, ex-noiva do goleiro; Luiz Henrique Romão, o Macarrão; Marcos Aparecido dos Santos, o Bola; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Elenilson Vítor da Silva - estão no fórum, em ambiente reservado. A pedido da testemunha de acusação eles não acompanham o depoimento no plenário.

"Quaresma é um pai pra mim"
O goleiro Bruno inocentou o advogado de defesa dele, Ércio Quaresma, na noite desta quarta-feira (13), quando saía do Hospital Referência Municipal de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. "O Quaresma é um pai pra mim. Um pai que eu não tive", disse o goleiro. O atleta falou, ainda, que Quaresma não faz ameaças a ele e nem à sua família. A denúncia de ameça foi feita pela noiva e por amigos de Bruno ao Fantástico.

Audiências anteriores
Nesta quarta-feira (13), um caseiro do sítio do goleiro, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi o primeiro a responder às questões da juíza. Na sequência, a mulher dele começou a prestar depoimento que foi interrompido.

O Tribunal de Justiça disse, anteriormente, que a juíza iria ouvir quatro delegados da investigação sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, mas, no início da tarde de ontem, Marixa informou que os quatro delegados devem ser ouvidos nesta quinta (14), também no Fórum de Contagem.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, essas audiências estão sendo realizadas para que a juíza Marixa, de Contagem, tome conhecimento de todos os fatos do processo apresentado pelo Ministério Público e decida se os réus serão pronunciados ou não. De acordo com o TJMG, a magistrada pode decidir julgamentos diferentes para os acusados. Dessa forma, se houver uma decisão por um julgamento no Tribunal do Júri, pode ser que nem todos sejam julgados por este tribunal. E os crimes pelos quais os réus são acusados podem sofrer alterações no julgamento. O Tribunal de Justiça explicou que esta fase do processo não tem prazo definido.

Na entrada do fórum de Contagem, o advogado de Bruno, Ércio Quaresma, disse "eu não ameaço, eu faço", em referência à denúncia do Fantástico sobre possíveis ameaças que o defensor estaria fazendo ao goleiro Bruno e a amigos e familiares. A dentista Ingrid Oliveira, noiva do goleiro, disse que defensor orientou Bruno a tentar suicídio na cadeia. "Ele falou que teria sido orientado pelo advogado a cortar os pulsos pra ver se ele conseguiria algum tipo de regalia", contou.

O delegado Júlio Wilke, que participou das investigações, foi ouvido por mais de 13 horas na sexta-feira (8). Na mesma sessão, o adolescente envolvido no desaparecimento de Eliza Samudio também respondeu às perguntas da juíza Marixa. Em seu depoimento, o menor afirmou que o homem indicado como Bola pelo inquérito, e que está preso, não é o Bola que ele conhece. O adolescente ainda pediu desculpas por apontar o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos como o responsável pela morte de Eliza. O delegado Wilke disse, em seguida, que o menor indicou com detalhes a casa do ex-policial, em Vespasiano, e que o adolescente sabia até como eram os cômodos da casa.

Em Vespasiano, na quinta (7), nove testemunhas de defesa, que conhecem o ex-policial prestaram depoimento à juíza Ana Paula Lobo Pereira de Freitas. Todas foram unânimes ao dizerem que nunca viram o ex-policial Santos ser chamado de Bola.
Em Ribeirão das Neves, na quarta (6), cinco testemunhas foram ouvidas. Na sessão, Bruno passou mal e precisou ser levado à Policlínica da cidade, e depois, para o Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, após desmaiar duas vezes.

Entenda o caso
O goleiro Bruno é réu no processo que investiga a morte de Eliza Samudio. A Justiça de Minas Gerais aceitou a denúncia do Ministério Público contra Bruno e outros oito envolvidos no desaparecimento e morte de Eliza. Fernanda Gomes de Castro, namorada de Bruno, foi presa em Minas Gerais.

O goleiro; Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Sérgio Rosa Sales; Dayanne Souza; Elenilson Vítor da Silva; Flávio Caetano; Wemerson Marques; e Fernanda Gomes de Castro vão responder na Justiça por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é o único que responderá por dois crimes. Bola foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Todos os acusados negam o crime. As penas podem ultrapassar 30 anos.

A pedido do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão preventiva de todos os acusados. Com essa medida, eles devem permanecer na cadeia até o fim do julgamento. Em 2009, Eliza teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.

Fonte: Pedro Triginelli Do G1 MG
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir