Categoria Politica  Noticia Atualizada em 15-10-2010

Mobilização contra a reforma de Sarkozy afeta abastecimento
Foto de fevereiro mostra estação de abastecimento de Notre-Dame-de-Gravenchon, França
Mobilização contra a reforma de Sarkozy afeta abastecimento
Foto: AFP

Gabriela Calotti

PARIS — A agitação social na França contra a reforma da aposentadoria promovida pelo presidente conservador Nicolas Sarkozy se concentrou nesta sexta-feira no setor petroleiro, obrigando a cortar o abastecimento dos aeroportos de Paris, na véspera de mais um dia de convocação nacional de protestos.

Em uma greve inédita nas refinarias da França desde 1968, segundo os sindicatos, as 12 refinarias instaladas na França se encontravam paradas e as primeiras consequências do corte de combustíveis começava a se fazer sentir.

O oleoduto que fornece combustível aos aeroportos de Paris, incluindo Orly e Roissy, os de maior movimento, interrompeu as operações na manhã desta sexta-feira em consequência da falta de derivados de petróleo, anunciou a empresa Trapil, administradora da instalação.

No entanto, a Trapil informou que o aeroporto de Orly tem um estoque para 17 dias e o de Roissy para, no mínimo, o fim de semana.

O oleoduto está paralisado porque não foi abastecido a partir da refinaria de Grandpuits, no departamento de Seine et Marne (leste de Paris).

De acordo com o sindicato CGT, a paralisação da refinaria de Grandpuits estava prevista para esta sexta-feira.

Sem hidrocarbonetos, uma refinaria demora de dois a cinco dias para interromper as operações, informou o grupo petroleiro Total durante a semana.

Assim, o oleoduto de Trapil não tem condições de abastecer os terminais de Orly, Roissy e do sul do Paris.

A polícia francesa entrou em ação e dispersou os manifestantes que bloqueavam o acesso a quatro depósitos de combustível. A operação transcorreu praticamente sem incidentes os piquetes formados nos depósitos de Fos-sur-Mer (sul), Bassens (sudoeste), Cournon d Auvergne (centro) e Lespinasse (sul), cuja capacidade de reserva supera o milhão de metros cúbicos.

Dos 220 depósitos da França, pelo menos seis continuavam bloqueados.

Na véspera, o governo francês autorizou o desbloqueio de uma parte dos estoques de reserva de combustível para evitar qualquer risco de desabastecimento devido à greve no país contra a reforma, conforme anunciou o secretário de Estado de Transportes, Dominique Bussereau.

"Há reservas próprias dos operadores que representam entre 10 e 12 dias de consumo", indicou Bussereau à rádio RTL. "Vamos autorizar a utilizá-las", declarou.

"Depois, há o que se chama de estoques estratégicos", explicou. "Se necessário, poderemos também utilizá-los, mas não chegaremos lá", assegurou o secretário.

A União Francesa de Indústrias Petroleiras (UFIP) pediu ao governo que recorresse aos estoques estratégicos de petróleo e desbloqueasse os depósitos, cuja atividade está parada devido à adesão dos petroleiros às manifestações de greve.

A França dispõe de 17 milhões de toneladas de petróleo e de produtos petroleiros em seus estoques estratégicos, que representam 98,5 dias de consumo.

Essas reservas estão compostas por 60% de produtos refinados e 40% de petróleo, segundo a UFIP.

Os estoques estratégicos de petróleo são utilizados para enfrentar um desabastecimento vinculado a um acontecimento internacional. Foram utilizados pela última vez em 2005, após os danos causados nas instalações petroleiras pelos furacões Katrina e

Mobilização contra a reforma de Sarkozy afeta abastecimento de combustíveis

Foto de fevereiro mostra estação de abastecimento de Notre-Dame-de-Gravenchon, França

Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir