Categoria Policia  Noticia Atualizada em 21-10-2010

Delegacia é invadida por bandidos
O local fica fechado e sem vigilância nos fins de semana e isso pode ter facilitado a ação dos criminosos.
Delegacia é invadida por bandidos
Delegacias viram alvo fácil de bandidos

Veja a que ponto chegou a Segurança Pública no Estado.
Em Conceição da Barra até o DPJ foi alvo dos assaltantes.

No último fim de semana a delegacia de Conceição da Barra, norte do Estado, foi arrombada e os bandidos levaram armamento, drogas e objetos pessoais.

O local fica fechado e sem vigilância nos fins de semana e isso pode ter facilitado a ação dos criminosos. Pior, ainda não se sabe qual foi quantidade de armas e drogas levadas da delegacia. Ainda está sendo feito um levantamento para identificar e quantificar os itens furtados.

Para o presidente da Associação dos Investigadores de Polícia Civil do Estado (Assinpol), Junior Fialho, o caso de Conceição da Barra não é isolado, já que a realidade de abandono das delegacias se repete em vários municípios do interior e também na Grande Vitória. Ele conta que o efetivo policial é tão baixo que as unidades ficam desguarnecidas até mesmo para a vigilância. Nos fins de semana, diversas unidades ficam fechadas, sem qualquer vigilância, facilitando os roubos.

O investigador conta ainda que não só no interior que as delegacias ficam fechadas no fim de semana. A delegacia de São Pedro, em Vitória, também fica desguarnecida e sem vigilância aos sábados e domingos. Para ele, a situação é inadmissível, já que as unidades abrigam armamento pesado como escopetas e fuzis. "O criminoso não escolhe hora para agir, portanto é necessário que haja vigilância 24 horas, nem que seja só para guardar as delegacias".

Os únicos locais que funcionam ininterruptamente são os Departamentos de Polícia Judiciária (DPJs), que abrigam presos. Já as delegacias de bairro são fechadas e não têm plantão.

Fialho conta que a falta de efetivo acaba por fragilizar a segurança, no atendimento à população feito através dos DPJs e das delegacias de bairro. Além de não haver efetivo para prestar o devido atendimento à população, há falta de investigadores para trabalhar na apuração e elucidação dos crimes.

Existe um grupo de 84 aprovados em concurso público para o quadro de investigadores que já deveriam ter sido absorvidos pela Polícia Civil desde 1999, mas até hoje não foram nomeados. Para o cargo de Agente há 135 concursados aprovados esperando para serem chamados. Outros grupos de aprovados tiveram nomeações determinadas pela Justiça, mas a Secretaria de Gestão e Recursos Humanos (Seger) vem protelando a publicação, mesmo com a determinação de tutela antecipada dos recursos.

O quadro de investigadores do Estado permanece deficitário, mesmo após as nomeações de alguns aprovados em concursos. Os investigadores e agentes vivem em desvio de função, vigiando presos em detrimento do trabalho de elucidação dos inquéritos. Eles ainda têm cerca de 300 inquéritos cada um para apurar e o número de profissionais cai a cada ano. Muitas delegacias só funcionam graças a ajuda das Prefeituras que cedem funcionários para atuar na área administrativa.

A cada ano mil novos inquéritos somam-se aos 16 mil que já estão parados na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Não é só o número de investigadores que é insuficiente; o de peritos criminais e papiloscópicos também está aquém do ideal para dar resultado na investigação de crimes.

Caso o efetivo aumentasse, seria possível indicar mais facilmente os autores dos crimes, já que não são casos isolados: um mesmo criminoso pode ser responsável por diversos outros crimes, que, se forem solucionados, podem impedir o crescimento da criminalidade em determinadas regiões. O atraso nas investigações também pode provocar o desaparecimento de provas e consequentemente gerar a impunidade dos reais autores.

No interior do Estado, a situação é ainda mais complicada, já que delegacias estão sendo fechadas, como aconteceu com a de Mucurici, no norte do Estado, que já respondia também pelo município de Ponto Belo. A delegacia foi extinta e o núcleo da região passou a ser em Montanha, onde a situação se tornou ainda pior, já que a única delegacia do município passou a responder por outros dois (Mucurici e Ponto Belo) e conta com somente quatro investigadores, trabalhando em regime de plantão, ou seja, não saem para atender ocorrências.

Matéria adaptada. Textos originalmente publicados nos jornais Século Diário e A Gazeta.



Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Renato Alves    |      Imprimir