Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-11-2010

Fernanda Torres diz que "falta impacto" ao humor
Atriz lançou nesta semana série baseada em textos de Millôr Fernandes. "Amoral da história" vai ao ar de segunda a sexta-feira, no Multishow.
Fernanda Torres diz que
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Fernanda Torres está de volta aquilo que ela faz como ninguém no Brasil: humor. Mas, dessa vez, é na TV fechada. A atriz estreou nesta semana a série "Amoral da história", uma produção da Conspiração Filmes que adaptou para a televisão fábulas de Millôr Fernandes publicadas nos livros "Fábulas fabulosas" e "Millôr definitivo: a bíblia do caos".

O clima é de teatrinho – para maiores, no caso. Fernanda exibe diversas facetas na tela: pode ser de uma escrava a uma (sa) fada madrinha. Na maior parte das cenas ela aparece sozinha, noutras conta com a ajuda de Luiz Carlos Miéle, que interpreta os personagens masculinos que servem como um comentarista ácido de bastidores – como se fosse a opinião de Millôr, praticamente.

A série entrou no ar nesta segunda-feira (7) no Multishow e será exibida sempre de segunda a sexta-feira, às 23h30. Ela terá 20 episódios de 15 minutos e ficará no ar pelas próximas três semanas (o que já foi ao ar pode ser visto no site especial do programa).

Em entrevista ao G1, Fernanda comentou "Amoral da história" e analisou o humor da TV brasileira – fechada e aberta.

G1 - Você já tinha trabalhado com algum texto do Millôr antes? Como foi essa experiência do ponto de vista de atriz e até de escritora? Ele chegou a acompanhar as gravações?
Fernanda Torres - Não, mas eu cresci vendo os meus pais fazerem primeiro "O homem do princípio ao fim", depois, "Computa computador computa", e mais o "É" e uma lista interminável de traduções dele. Além de ter sido criada com seus desenhos, sua Bíblia, seus haikais, sou uma "millôrista" aplicada desde criancinha.

Como atriz foi uma experiência sensacional, o Millôr é um dramaturgo, seus textos quando falados ganham em ironia, graça, é caviar, puro caviar. Ele não acompanhou nada, foi de uma generosidade incrível, nos deixou livres para adaptar suas fábulas.

G1 - Pelo o que pude observar, a série tem uma proposta bastante ousada. Acredita que ela teria espaço na TV aberta? Aliás, participar dessa produção foi um processo muito trabalhoso?
Fernanda - Ela não é nem menos e nem mais ousada do que muitos programas excelentes que já foram veiculados na TV aberta: "TV pirata", "Os normais", "Programa Legal"... O que ela tem de especial é a inteligência do texto, realmente desconcertante do Millôr.

G1 - O Miéle é seu parceiro no seriado. Você sente que, no humor, uma dupla sempre funciona melhor?
Fernanda - Ele é meu parceiro, mas não formamos uma dupla. Em alguns episódios ele está e eu não estou, em outros estamos juntos com o Paulo Silvino, com o Wando... O Miéle era o homem da geração do Millôr que faltava no programa. Eu, mulher, com a minha idade, não tinha o peso e nem a virilidade que o Millôr exige! Além do mais, era um programa com muitas trocas de personagens, seria muito angustiante ter um parceiro por dia. Nesse sentido, uma dupla, um trio, um grupo, ajuda muito na hora de fazer humor, a parceria, a intimidade tudo isso contribui para a cena.

G1 - Desde "Os normais" não há uma comédia que consiga se fixar na Globo com o mesmo sucesso, com a exceção de "A grande família". O que você acha que está faltando para dar certo? Originalidade, talvez?
Fernanda - "Os normais" e "A grande família" trouxeram de volta algo que havia desaparecido da TV no Brasil, os seriados. Quando eu era criança eu assistia "A grande família", o "Shazam, xerife e Cia", mais tarde o "Ciranda cirandinha"... Depois esse formato sumiu da TV. O curioso é que ele desapareceu justamente quando as sitcoms americanas se fortaleceram no exterior. "Seinfeld", "Mad about you", para citar duas.

Então, quando "Os normais" estrearam eles trouxeram uma moral muito atravessada, nova e cotidiana, trazida pelas mãos do Alexandre [Machado] e da Fernanda [Young], dois punks em pele de cordeiro que pegaram o público no contrapé. O [diretor José] Alvarenga formatou como sitcom e eu e o Luiz [Fernando] entramos com uma parceria afinada. A mistura de novidade com picardia, a falta desse modelo anterior, tudo contribuiu para a surpresa, para a sensação de algo novo. Atualmente esse formato se consolidou, então, apesar da qualidade menor ou maior das séries, sinto que não há a sensação de impacto. O mesmo aconteceu com o "TV pirata", com o "Programa legal". São programas fundadores, demora mesmo um tempo até inventarem algo diferente.

G1 - Já leu o perfil falso que a personagem Vani, de "Os normais", tem no Twitter? É fã dele?
Fernanda - Nunca entrei na @VaniFacts. Eu passei a ter um Twitter por causa do blog da Brastemp que me encomendou alguns textos. Por isso descobri esse mundo virtual, louquíssimo, onde as pessoas conversam com seus avatares. Eu tenho uns seguidores que preferem a @VaniFacts a mim. Eu entendo!

Fonte: Gustavo Miller Do G1, em São Paulo
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir