Categoria Economia  Noticia Atualizada em 18-11-2010

Ações da General Motors inicia a negociação na bolsa de NY
Agora à tarde, cada ação ganhava 6,82% e era negociada a US$ 35,25. Após grave crise, fabricante pretende obter US$ 23,1 bi na volta à bolsa.
Ações da General Motors inicia a negociação na bolsa de NY
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A volta à bolsa de valores da fabricante de veículos norte-americana General Motors, menos de um ano e meio depois da declaração de quebra, está sendo bem recebida pelo mercado nesta quinta-feira (18) em Nova York. Agora à tarde, cada ação ganhava 6,82%, sendo negociada a US$ 35,25.

Este é um momento histórico para fabricante, após a empresa ter 61% de suas ações colocadas nas mãos do governo dos Estados Unidos, em 2009, com o agravamento da crise. Com as vendas das ações, que podem atingir o recorde de US$ 23,1 bilhões no lançamento, a companhia poderá pagar parte da dívida e, assim, reduzirá o controle do governo para cerca de 30%.

A GM entrou com pedido de proteção do capítulo 11 da Lei de Falências norte-americana em junho de 2009, para garantir a sobrevivência de suas operações, após o colapso causado pela crise financeira no país em 2008, com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers. Mas a depressão na montadora começou antes, por diversos problemas administrativos, como excesso de benefícios a funcionários, pagamento de aposentadorias e planos de saúde, e demora na troca do portfólio de produtos por modelos mais econômicos.

Com uma nova empresa reorganizada, linha de modelos reformulada e o empréstimo dos governos dos Estados Unidos e Canadá, a empresa conseguiu registrar lucro suficiente para voltar ao mercado de ações. Por toda essa trajetória, o que os especialistas consultados pelo G1 preveem é uma euforia dos investidores neste primeiro dia de IPO.

"É o primeiro impacto, como acontece com o paciente que sai da UTI e volta para casa. Faz uma festa no começo, depois, no dia a dia, percebe que tem que se recuperar lentamente", observa o professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios.

"Euforia" inicial
Por sua vez, às vésperas da volta à bolsa e contando com alta demanda, a GM aumentou o número de ações ordinárias que colocará no mercado, de 375 milhões para 478 milhões, e subiu o preço dessas ações da faixa dos US$ 26 a US$ 29 para US$ 33, o que possibilitaria o recorde. A mudança foi vista por analistas internacionais como um voto de confiança nas ações que a empresa oferece.

Se alcançar o valor previsto com as vendas nesta quinta, a GM terá superado os US$ 22,1 bilhões do Agricultural Bank of China, considerado o IPO recorde, e os US$ 19,7 bilhões obtidos na oferta pública de ações da Visa, dois anos atrás.

Na visão do economista da Trevisan, no entanto, é preciso cautela. "Acho que não vai haver grandes novidades. Pelo primeiro dia pode ter euforia, mas depois tudo retorna à normalidade. Não há lucro e crescimento que justifiquem um recorde assim", avalia Leite.

Sinal positivo para empresa e país
Recorde ou não, o que importa, de acordo com os especialistas, é a recuperação do mercado norte-americano e a confirmação de que as medidas do governo Obama para reverter a crise no país surtiram efeito. "A GM se liberta", ressalta o diretor da consultoria Megadealer Auto Management, José Rinaldo Caporal Filho.

"Isso mostra também que a GM acredita em seus novos produtos. Um exemplo é o Salão de Los Angeles, que acontece agora e está muito voltado aos modelos híbridos e elétricos. O Volt, a grande aposta da GM, estará lá", analisa.

De acordo Alcides Leite, a retomada da confiança na companhia tem um significado ainda maior. Ela simboliza que o setor privado nos Estados Unidos volta a caminhar com as próprias pernas. "Foi necessário o setor público atuar, estancando a hemorragia. O governo cumpriu sua função, evitando uma catástrofe. A GM cumpriu a parte dela e não vai ficar uma estatal ‘para o resto da vida’", diz o professor de economia.

Para dar continuidade ao bom momento, o diretor da Megadealer Auto Management afirma não haver uma fórmula mágica. Segundo ele, é manter a consolidação da rede e oferecer sempre novos produtos, a exemplo do que fez a Ford quando a crise bateu à porta.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir