Categoria Politica  Noticia Atualizada em 14-12-2010

PMDB não quis incluir Meirelles em sua cota
O anúncio público do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que está retornando ao setor privado encerra mais um capítulo da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
PMDB não quis incluir Meirelles em sua cota
Foto: www.opovo.com.br

Lula trabalhou para ver Meirelles entre os integrantes do governo de Dilma, mas a definição do novo posto não foi tão simples.

Convencido de que "o momento certo de sair é quando tudo vai bem", Meirelles comunicou sua decisão à presidente eleita, Dilma Rousseff.

Há algum tempo, ele vinha amadurecendo a ideia de sair do Executivo, embora tenha concordado com o apelo de Lula para que aguardasse a definição do ministério de Dilma. Meirelles se sentiu honrado com a ação do presidente e desde, então, alimentava mais dúvidas do que certezas sobre o desfecho das negociações. Ele deixou a possibilidade aberta e, inclusive, não desestimulou análises de que sua indicação "daria peso" ao governo, em qualquer posição.

Sucessão. O processo não foi dos mais simples e isso ficou claro quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi confirmado no cargo. Associado ao fato de que Meirelles e Dilma acumularam arestas ao longo do governo Lula, apesar do bom relacionamento de ambos recentemente, o primeiro embate ele perdeu: não continuaria no comando do Banco Central.

Com esse ponto definido, Meirelles foi incansável na tarefa de defender o nome do atual diretor de Normas, Alexandre Tombini, para ser seu sucessor. Meirelles decidiu não ficar no BC e por isso bancou o nome de Tombini.

Esse foi o lado bom, para Meirelles, dessa travessia. O que não foi tão agradável foi ver seu nome sendo cotado para cargos e assistir o PMDB deixar claro que a indicação dele não poderia ser debitada da cota do partido. A única alternativa, portanto, era Dilma bancar como cota pessoal, em meio ao ambiente político de insatisfação dos aliados não contemplados com cargos. Desde que Meirelles tentou retornar para política, inclusive com a ambição de disputar internamente no PMDB a vice-presidência na chapa de Dilma Rousseff, as sutilezas das negociações políticas não foram favoráveis.

Convidado, ele recusou a candidatura ao governo de Goiás. Não se lançou ao Senado e colocou seu nome como opção para a vice-presidência na chapa da Dilma, que foi entregue ao candidato natural Michel Temer.

Ontem, Meirelles apresentou sua decisão que pode ser lida como um gesto de retirar o peso do pedido dos ombros de Dilma e o de se antecipar para não receber um não público. Sem o apoio do partido e como indicação pessoal da cota de Dilma, dificilmente teria a liberdade necessária para formar sua nova equipe tentando driblar a pressão política por cargos. Por isso, decidiu voltar para a iniciativa privada "quando tudo está bem" e tranquilizar os que se dedicam ao fogo amigo interno.

Fonte: estadao.br.msn.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir