Categoria Politica  Noticia Atualizada em 15-12-2010

Câmara de SP escolhe novo presidente e testa prestígio de Kassab
Disputa entre os vereadores José Police Neto, o Netinho (PSDB), e Milton Leite (DEM) pode ser primeiro passo no futuro do prefeito
Câmara de SP escolhe novo presidente e testa prestígio de Kassab
Foto: ultimosegundo.ig.com.br

Cercado de especulações sobre sua saída do Democratas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, testa nesta quarta-feira, na eleição para a presidência da Câmara Municipal paulistana, o resultado de uma articulação que pode desembocar em uma eventual candidatura ao governo paulista em 2014. Contrariando o desejo do atual partido, Kassab apoiou abertamente a candidatura do vereador José Police Neto, o Netinho (PSDB), em detrimento do candidato natural do DEM, Milton Leite.

Favorito por ser o vereador mais antigo da casa e por ter o apoio do chamado "centrão" e do PT, Leite viu o favoritismo ser desbancado pela articulação comandada nos bastidores por Kassab. A versão oficial na Câmara é que o apoio de Kassab é uma dívida que o prefeito tem com o vereador tucano, que foi líder do governo na Casa durante os últimos dois anos, ajudando a aprovar difíceis projetos.

Nos bastidores, porém, predomina a versão de que a aposta do prefeito no candidato do PSDB é um investimento para o futuro. Com a mudança de Kassab para o PMDB praticamente consolidada, Netinho seria uma das forças que migrariam com o prefeito para a nova legenda. Ou ainda, na hipótese de Netinho permanecer no PSDB, o prefeito estaria semeando uma divisão dos tucanos para a eleição de 2014. O racha dos tucanos entre a candidatura de Geraldo Alckmin e do próprio Kassab é apontado pelos aliados como o principal fator que garantiu a reeleição do prefeito em 2008.

O empenho de Kassab em eleger seu favorito na Câmara irritou os vereadores que apoiam Milton Leite, que prometem dificultar a vida do prefeito em votações futuras. "Em 30 anos de vida pública, nunca vi um prefeito se empenhar tanto na eleição do Legislativo", disse o vereador Carlos Apolinário (DEM). "Essa intervenção está deixando a disputa desigual e certamente trará complicações para ele no próximo biênio. O que o Kassab está fazendo fere a autonomia do Legislativo", argumenta Apolinário.

Para atrair votos para Netinho, o prefeito de São Paulo teve que atrair vereadores do próprio "centrão", que apoiam o candidato do Democratas. Em troca, teria prometido acomodar o Partido da República (PR), legenda do atual presidente da casa, Antonio Carlos Rodrigues, em mais uma pasta na administração municipal. Além de manter a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, o PR pode ficar também com o a Secretaria da Participação e Parceria ou a pasta dos Esportes a partir de 2011.

Com isso, Kassab desequilibrou a balança, graças também à decisão do Diretório Estadual do PMDB, que fechou ordem em torno da candidatura de Netinho, obrigando os dois vereadores, Jooji Hato e Antonio Goulart, a abandonarem o candidato do Democratas. Até o final da noite desta terça-feira, os tucanos contavam exatos cinco votos adicionais em favor do candidato do prefeito.

Para tentar reverter a desvantagem, o PT tenta manobras de última hora para atrair de volta vereadores como os do PC do B, o pagodeiro Netinho de Paula e Jamil Murad, que estão com o candidato de Kassab. Os petistas até tentaram substituir Milton Leite por Chico Macena, mas a manobra não vingou até agora.

Apesar do racha na Câmara, o vereador Domingos Dissei (DEM), que anunciou o voto no candidato do prefeito, diz que a disputa é legítima e não deve atrapalhar a administração de Kassab em São Paulo. "Traições e viradas de mesa acontecem. Faz parte da disputa pelo poder na casa. Na hora de votar os projetos de interesse da cidade, os vereadores saberão diferir e acertar os ponteiros. O prefeito não colocou todo seu prestígio em jogo nessa eleição a toa e sabe que não pode perder", avalia Dissei.

O novo presidente da Câmara Municipal de São Paulo será escolhido na manhã desta quarta, a partir das 9h. A sessão de votação será aberta ao público e o voto não é secreto. O novo presidente terá mandato de dois anos e comandará um orçamento de R$ 453 milhões em 2011, além de administrar 1,9 mil funcionários.

Fonte: ultimosegundo.ig.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir