Categoria Politica  Noticia Atualizada em 15-12-2010

"A Casa não deve servir a ninguém", diz novo presidente da Câmara de SP
Police Neto foi eleito nesta manhã com apoio do prefeito Gilberto Kassab. Ele falou da necessidade de maior integração entre vereadores e sociedade.

Foto: g1.globo.com

O novo presidente eleito da Câmara de São Paulo, vereador José Police Neto (PSDB), disse na tarde desta quarta-feira (15) que o apoio do prefeito Gilberto Kassab (DEM) não significa um alinhamento da presidência da Câmara ao Executivo. Police Neto ressaltou a necessidade de diálogo com a sociedade e com os partidos para aprovar projetos que beneficiem a população.

"A pauta da casa não deve servir a ninguém. Ela tem que ter a capacidade de interpretar a sociedade e o que ela precisa primeiro", disse o vereador, eleito com 30 dos 55 votos. "A gente vai querer dialogar muito com a sociedade para ela compreender a nossa tarefa, tarefa fiscalizadora."

Além de Police Neto, também foram eleitos, nesta manhã, os outros membros da mesa diretora: Antonio Goulart dos Reis (PMDB) para 1º vice-presidente, Cláudio Prado (PDT) para 2º vice-presidente, Netinho de Paula (PC do B) para 1º secretário, Atílio Franco (PRB) para 2º secretário, Ushirato Kamia (DEM) para 1º suplente e Adolfo Quintas (PSDB) para 2º suplente. Além disso, Marco Aurélio Cunha (DEM) foi eleito corregedor geral da Câmara. Os eleitos serão empossados no dia 1º de janeiro.

A eleição da mesa diretora foi marcada por protestos de partidos que compõem o Centrão em relação à indicação de posicionamento a seus vereadores – principalmente ao PMDB, que indicou como candidato do partido Police Neto, para descontentamento de Milton Leite (DEM), o outro candidato. Também houve reclamação em relação ao apoio de Kassab ao candidato vencedor, em detrimento ao vereador concorrente de seu próprio partido.

O presidente eleito negou que isso tenha prejudicado de alguma maneira a validade de seus votos. "Não vou falar que é choro de perdedor senão parece provocação. É uma manifestação que a gente respeita, não apóia e não reconhece. O nosso concorrente é relator do orçamento do Executivo. Ele esteve nos mesmos diálogos que eu estive com o prefeito", disse Police Neto.

"O que parece fundamental no parlamento é o debate. Ficaríamos tristes aqui se saíssemos com um processo unânime. Ter a disputa e o debate vai fortalecer a cidade", afirmou. "Ninguém sai enfraquecido, o que sai fortalecido daqui é a democracia. O que importa é a democracia, do voto livre, assim será. Ninguém tem dúvida que teremos dificuldade nos debates dos projetos. Só que isso, para a gente, é bom."

A previsão de um intenso debate entre os lados opostos da Câmara gerou até uma piada do próprio Police Neto sobre sua altura – ele tem cerca de 1,60 metro. "O meu próprio tamanho já indica que eu só posso ser um pacificador."

Projetos
O presidente eleito da Câmara ressaltou durante sua primeira entrevista após a eleição a necessidade de diálogo e integração com a sociedade. "Vamos seguir com a transparência, agilidade nas informações para a sociedade, e avançar na vontade de ter cada vez mais os movimentos sociais, os movimentos populares, na casa", afirmou.

"Debatemos muito a utilização dos espaços da Casa para a sociedade que gravita no entorno da Câmara, usando os espaços para atividades culturais. Foi muito discutido fazer da casa um pólo cultural dessa região."

O vereador destacou a necessidade da estabilidade da cidade como pauta principal da Câmara – como dar solução para o licenciamento de atividade econômica da cidade, fortalecendo os empregos – e o esforço da Casa para atrair institutos de pesquisa e universidades para todas as fases do projeto legislativo.

Oposição
Para o candidato derrotado à presidência da Câmara, Milton Leite (DEM), a maneira como Police Neto foi eleito, com o apoio do prefeito Gilberto Kassab, também do DEM, deixa em dúvida a independência da Casa. "A forma como a disputa se deu da margem a dúvida. O tempo nos dirá, eu não gosto de pré-julgar os outros. Quero crer que eles sejam independentes."

Apesar de não ter recebido o apoio de Kassab, Leite disse que recebeu o apoio do presidente nacional do partido, Rodrigo Maia, mas que não aceitou que o partido fechasse questão em seu favor. "Não queria constranger os vereadores, quero ser um dia presidente dessa casa pela vontade livre dos vereadores", afirmou. Ele também disse, entretanto, que Kassab já havia sinalizado que iria apoiar Police Neto. "Eu o respeitei, mas mesmo assim lancei minha candidatura."

Para ele, a intervenção do prefeito alterou a composição da mesa diretora. "Eu não culpo o prefeito, essa casa é autônoma, mas a inserção dele, do Executivo em alguns partidos, fez com que estranhamente alguns vereadores mudassem de posição. Respeito a posição dos vereadores, discordando dessa conduta não ética. Ninguém foi obrigado a assinar o documento firmado junto aos vereadores do Centrão", disse o vereador, citando um documento com 17 assinaturas de vereadores apoiando candidatura – segundo a base do Centrão, três deles mudaram de lado e votaram em Police Neto.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir