Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-01-2011

Lica, maratimba, filha de Marataízes
Em Niterói, Lica foi bastante conhecida no auge das serestas da cidade Sorriso, durante os anos 70
Lica, maratimba, filha de Marataízes

Dia 6 de janeiro! O Dia de Santos Reis é também marcado em Barra do
Itapemirim pelo nascimento de uma de suas queridas filhas: Maria José
de Souza Melo, ou simplesmente Lica, como é mais conhecida por todos
os "maratimbas". Filha de Pedro Souza e "Dona" Maria Souza, aos 13
anos, foi morar na casa da sua irmã Iracy, deixou temporariamente
nossa terra na busca de conseguir oportunidades de trabalho em
Niterói-RJ, cidade onde vive até hoje. Trabalhou muito desde então e
quando conseguiu ter uma situação financeira um pouco melhor, trouxe
os pais para perto de si.

Em Niterói, Lica foi bastante conhecida no auge das serestas da cidade
Sorriso, durante os anos 70. Nesta década, a cidade respirava música
e as serestas comandadas por Lica e Rachid eram um grande sucesso,
eventos fáceis nas colunas sociais dos jornais da época, comandadas
pelos jornalistas Carlos Ruas e Hercílio Miranda. O ainda menino
Taisinho, que ainda hoje é uma das maiores figuras musicais da cidade
iniciava a carreira participando destas famosas serestas.

Canções como "Sertaneja", "Cantiga para Luciana" e "Ave Maria no
morro" eram as principais pérolas do repertório interpretado por esta
filha de Marataízes. Apesar de ter uma voz única na cidade e uma
simpatia indiscutível, a música sempre funcionou como hobbie na vida
de Lica, que na época trabalhava em dois empregos: na Prefeitura de
Niterói e no Escritório de Advocacia do Dr. Nabuco, que tinha entre
seus clientes, nada menos que o Rei Pelé.

Com o casamento, Liça nos anos 80 se dedicou para a família, e em
especial para a criação do único filho. Com a separação, mesmo
aposentada, nos anos 90, Lica voltou a trabalhar no comércio para
ajudar nos estudos do filho, que hoje está vinculado ao grupo
de pesquisa das Doutoras Cícera Henrique Silva e Maria Cristina Soares
Guimarães, da Fundação Oswaldo Cruz, onde é mestrando em informação e
comunicação em saúde. Isso, claro, graças aos esforços e
principalmente pelos ensinamentos exemplos de vida dados por sua mãe.

Ao final dos anos 90, Lica começava a freqüentar novamente as
serestas, como empresária musical, trabalhando coma artistas como a
cantora Núbia Santos e o grupo Samba K, que tinha como vocalistas
Orestes Madrugada e Rachel Duval. Já com o filho criado, e desta vez
aposentada de verdade, Lica teve uma volta discreta ao circuito
musical de Niterói, cantando apenas em alguns eventos selecionados,
especialmente em ocasiões beneficentes. Lica tem feito ainda algumas
aparições como mestre de cerimônias do Grupo Baguncitos, de promoção
da alegria ara idosos institucionalizados. Os seresteiros da cidade
ainda esperam uma volta mais assídua de Lica aos palcos da cidade.

Neste verão, Lica aguarda o restabelecimento de uma fratura no
calcanhar, para fazer o que religiosamente todos os anos faz, que é
passar o verão na sua terra natal. Em Barra do Itapemirim, sua voz já
pode ser ouvida em algumas serestas, como as que existiam no antigo
bar do seu sobrinho Jorge, na Rua Tomé de Souza. Todos os anos, ela
vem ao menos uma vez em nossa cidade, para rever a família e os amigos e claro, matar a saudade desta terra que ela tanto ama. Além de Iracy,
Lica é irmã de "Dona Nair", moradora de Barra do Itapemirim e de
Agnes, que mora em Niterói. Humberto e o ex-jogador do Ypiranga
Oliveiros são os irmãos falecidos da cantora.

A história de Lica é apenas uma, entre tantas outras de mulheres
guerreiras nascidas nesta nossa terra, e esta homenagem deve ser
apenas uma ilustração para que possamos sempre homenagear mulheres que
anônimas ou não devem ser valorizadas por nós todos os dias pela sua
fé, garra e coragem. Viva a mulher maratimba! Lica te esperamos no
carnaval!

    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir