Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-01-2011

Gbagbo decreta toque de recolher nos bairros de Abidjan
Soldados leais ao presidente Laurent Gbagbo fazem uma patrulha de segurança na entrada do distrito de Abobo em Abidjan
Gbagbo decreta toque de recolher nos bairros de Abidjan
Foto: /noticias.terra.com.br

Laurent Gbagbo declarou o toque de recolher em vários bairros populares de Abidjan, fortificações do seu rival Alassane Ouattara, após dois dias de conflitos violentos que causaram 11 mortes na Costa do Marfim.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas marfinianas, general Philippe Mangou, leal a Gbaggo, informou na manhã desta quinta-feira na emissora estatal RTI que o toque de recolher estará vigente das 19h do horário local às 6h da manhã do próximo sábado nos bairros de Abobo e Anyama.

Desde a última quarta-feira, os dois bairros estão cercados por tropas das Forças Armadas e de segurança, com tanques blindados e diversos soldados, embora não tenham registrado outros episódios violentos, disse a Polícia à agência EFE.

O general Mangou afirmou que o dispositivo militar "se manterá na região o tempo necessário para despejar os rebeldes que se escondem no lugar" e acusou os seguidores de Ouattara de organizar ataques contra as Forças de segurança, que apoiam Gbagbo.

Por sua parte, os ex-rebeldes das Forças Novas, que não se desarmaram após a guerra civil entre 2002 e 2007, que controlam o norte do país e defendem a sede provisória do Governo de Ouattara, no Hotel Golfe de Abidjan, negaram qualquer relação com os fatos.

Em contraste com a declaração do general Mangou, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, advertiu na quarta-feira que as Forças leais a Gbagbo que deverão responder pelos ataques dos dois últimos dias contra o bairro de Abobo, em comunicado lido pelo porta-voz da ONU, Martin Nesirky.

Nesirky também expressou a preocupação do organismo pelas informações procedentes de Abidjan que as Forças de Gbagbo planejam outra ação contra seguidores de Ouattara nas próximas horas.

Explicou, além disso, que os homens de Gbagbo tratam de forçar o despejo da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) enviados a Abobo para tratar de conter a violência.

Após o segundo turno das eleições presidenciais em Costa do Marfim, a Comissão Eleitoral Independente (CEI) deu a vitória com uma ampla vantagem a Ouattara, resultado que foi certificado pela ONUCI e reconhecido pela comunidade internacional.

Gbagbo não admitiu esse resultado e recorreu ao Conselho Constitucional, controlado por seus seguidores, que anulou a votações em sete departamentos amplamente favoráveis a Ouattara e lhe outorgou a vitória, o que rejeitou a comunidade internacional, que exige que o político deixe o poder.
Crise pós-eleitoral
No dia 28 de novembro de 2010, a Costa do Marfim realizou o segundo das eleições presidenciais, cujo resultado permanece até agora indefinido. Os dois candidatos se consideram vencedores do pleito: o até então presidente, Laurent Gbagbo; e o líder oposicionista, Alassane Ouattara.

Internamente, a situação está dividida e reflete a antiga cisão por que o país passou na Guerra Civil de 2002: Gbagbo conta com o apoio da porção sul do país, enquanto Ouattara tem sua base no Norte. Externamente, porém, a ampla maioria da comunidade internacional apoia a renúncia de Gbagbo e a posse de Ouattara.

Enquanto o dilema político não se resolve, a sociedade marfinense vive à beira do colapso: a ONU reportou casos de violência e teme um conflito de proporções graves. Centenas já morreram, e milhares fugiram para a Libéria, país vizinho. A União Africana, que mantém diálogo com os líderes, não descarta uma intervenção no país.

Fonte: /noticias.terra.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir