Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-01-2011

Insignificante como Liliputi
Black Jack em ação em Voagens de Gulliver: o fracassado boa praça que vê na cultura pop a tábua de salvação para sua insignificância
Insignificante como Liliputi
Foto: cerradomix.maiscomunidade.com

Uma das marcas do clássico Viagens de Gulliver, romance escrito por Jonathan Swift no século XVIII, é o olhar crítico de uma sociedade em mudança. Em suas páginas, Swift registrou indignação com relação à raça humana, cheia de vícios, maus valores éticos e uma organização social corrupta e perversa. A versão do livro para o cinema, que chega às telas neste fim de semana, desconstrói, na essência, a intensão do autor. No lugar do olhar esperto sobre as relações humanas, entra o riso pelo riso e o deslumbramento pela sociedade de consumo talhada nos valores americanos.


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Na história, Lemuel Gulliver (Jack Black), um contínuo que trabalha entregando correspondência em um jornal, tem a oportunidade de escrever uma reportagem de turismo sobre o Triângulo da Bermudas. Na viagem seu barco é tragado por uma tempestade que o leva para uma ilha habitada por um povo minúsculo, os liliputianos. Depois do estranhamento de ambas as partes, o gigante Gulliver torna-se uma inspiração para os seus amigos minúsculo. Gulliver, no entanto, tem que lidar com a inveja do general das tropas de Liliputi.

O filme, que teria em Jack Black seu grande trunfo, vacila ao colocá-lo em um papel recorrente na carreira do ator: a do fracassado boa praça que vê na cultura pop a tábua de salvação para sua insignificância. Filmes como King Kong já provaram que Jack segura a onda de personagens mais densos. Mas o diretor Rob Letterman não quis sair da mesmice e garantir a assinatura do ator. Dessa forma, a última coisa que se pode esperar desse filme é uma adaptação minimamente inspiradora e reverente à fonte literária, até porque seu compromisso é com o humor barato, o entretenimento e, claro, com a bilheteria.

Não que isso seja ruim. Afinal, os efeitos especiais de Viagens de Gulliver e a trilha sonora divertem o público e tornam o filme um programa ideal para a família. Mas será que não é possível casar entretenimento e conteúdos minimamente inteligentes? Essa é uma das questões que evidenciam as ambições desta produção. Ambição liliputiana.

Fonte: cerradomix.maiscomunidade.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir