Categoria Cinema  Noticia Atualizada em 18-02-2011

O Besouro Verde - Herói dos anos trinta
Personagem criado para o rádio que já ganhou série em TV chega à telona
O Besouro Verde - Herói dos anos trinta
Foto: www.divirta-se.uai.com.br

A existência do filme O Besouro Verde demonstra bem como a indústria cultural é coesa, mesmo se suas partes parecem autônomas à primeira vista. A personagem foi criada em meados dos anos 1930, para o rádio, por George W. Trendle, Fran Striker e James Jewell. O sucesso levou a Universal a comprar os direitos para o cinema, e nasceram daí, nos anos 1940, dois seriados distribuídos pela empresa. Nos anos 1960, foi a vez de a televisão resolver apostar no herói, numa série que sobreviveu duas temporadas. Agora, ele finalmente chega ao centro mais sofisticado da indústria cinematográfica, num longa-metragem dirigido por Michel Gondry (Rebobine, por favor).

À frente do elenco está um intérprete pouco conhecido, Seth Rogen. Para compensar, a produção escalou, no elenco coadjuvante, gente de maior apelo junto ao público ou à crítica: na tela estão a estrela Cameron Diaz, um vencedor do Oscar, Christopher Waltz (Bastardos inglórios) e dois indicados ao prêmio, Tom Wilkinson (Conduta de risco) e Edward James Olmos (O preço do desafio).

Besouro Verde não propõe alterações significativas em seus heróis. Britt Reid (Rogen) é um playboy que decide lutar contra o crime e conta, para isso, com a ajuda de seu fiel escudeiro Kato. Só a descrição das duas personagens é suficiente para mostrar o tanto que influenciaram a indústria cultural: Reid foi a inspiração para diversas criações posteriores, inclusive o Batman que Bob Kane e Bill Finger apresentariam nos quadrinhos a partir de 1939 – a fórmula do milionário com vida dupla, bon vivant durante o dia e justiceiro durante a noite, tem inúmeras variações desde então. Da mesma maneira, a presença de Kato foi um estímulo à infinidade de sidekicks (os parceiros dos heróis) que apareceram nos quadrinhos, cinema ou televisão desde então, desde o Robin do Batman até personagens dos desenhos animados, como Catatau ou Bibo Filho. Da mesma maneira, a ideia de um vigilante que não tem poderes especiais, contando apenas com obstinação, perícia e inventividade para enfrentar o crime, vem dando frutos ao longo das últimas oito décadas.
Claro que o enredo foi modernizado. Na época em que o Besouro Verde foi criado, os seriados podiam operar a partir da ideia de um mundo em preto-e-branco, em que bem e mal, heróis e vilões eram definidos de maneira precisa, sem a necessidade de conflitos éticos quando alguém saía espancando criminosos por aí, enquanto os dias de hoje trabalham com tons de cinza e zonas nebulosas até para seus heróis mais populares. Mas uma coisa a produção de Besouro Verde jura que não mudou: o humor irônico, principalmente nos comentários de Kato, que sempre foi uma espécie de marca registrada do herói em todas as suas versões, vai ser encontrado pelos espectadores no novo filme.

Fonte: www.divirta-se.uai.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir