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Costa do Marfim prolonga suspensão das exportações de cacau por mais 21 dias

O preço do cacau nos mercados mundiais atingiu hoje o valor mais alto dos últimos 32 anos, perante as incertezas quanto à retoma, inicialmente prevista para amanhã, das exportações desta matéria-prima, na Costa do Marfim. Ao final do dia, o Governo comuni
Costa do Marfim prolonga suspensão das exportações de cacau por mais 21 dias

Foto: economia.publico.pt

Na Europa e nos Estados Unidos, a negociação do cacau para entrega no próximo mês chegou aos 2,378 dólares e aos 3,666 dólares a tonelada, respectivamente. São valores que só se registaram em 1979. No caso do cacau negociado no mercado europeu, em Londres, o recorde aproxima-se de um máximo de 33 anos.

O maior fornecedor de cacau do mundo está desde finais de Janeiro com as exportações de cacau e de café suspensas, na sequência da crise pós-eleitoral que o país vive desde Novembro entre o Presidente derrotado, Laurent Gbagbo, que recusa abandonar o poder, e Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como vencedor presidencial.

Desde aí, o preço disparou nos mercados internacionais, e a explicação dos analistas para a nova subida, hoje, vai para o facto de as tensões entre apoiantes de Gbagbo e de Ouattara se terem intensificado no fim-de-semana e repetido ontem. Pelo menos três pessoas morreram, no sábado, e outras ficaram feridas em manifestações de lealdade a Gbagbo.

Apesar dos "preços atractivos" nos mercados internacionais, "a suspensão temporária da exportação de cacau da Costa do Marfim tornou-se fortemente negativa", comentou à Reuters Kona Haque, analista da instituição financeira Macquarie. E a indefinição de um entendimento político interno entre as partes levava os investidores internacionais ainda antes de o Governo confirmar o prolongamento da suspensão a temer novas subidas.

As cerca de 300 mil toneladas de cacau produzidas na Costa do Marfim, em conjunto com a produção de café, representam cerca 40 por cento das receitas das exportações no país.

Durante dez anos de guerra civil, o cacau continuou a ser exportado para os principais mercados do mundo desenvolvido. "Mas esta [subida para níveis máximos de três décadas] é, provavelmente, a pior situação a que assistimos em muito tempo", defendeu a Associação Europeia de Cacau e a Federação para o Comércio do Cacau, em comunicado citado pelo Wall Street Journal.

Fonte: economia.publico.pt

Por: Wellyngton Menezes Brandão | Imprimir