Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-02-2011

"Em "Bruna Surfistinha", a sensualidade desabrocha em carne viva"
RIO - Seria preciso adentrar fundo no estudo da psicobiologia humana, a fim de definir certos comportamentos que não nos são raros, mas que sempre suscitarão polêmica.

Foto: extra.globo.com

Este é o caso das Brunas Surfistinhas da vida, meninas que, por alguma razão, emotiva ou cognitiva, afastam-se de suas respectivas famílias e da religiosa e salutar sociedade, prostituindo-se. "A prostituição é o estado natural da mulher", diria Françoise Giroud. Já Théophile Gautier sublinha que, "a prostituição é um fenômeno masculino". Para o nosso Nelson Rodrigues: "Nada frustra mais a mulher do que a liberdade que ela não pediu, que não quer e que não a realiza." Este é o elementar caso de Bruna Surfistinha. (Leia também: Na tela grande, a apoteose de Deborah Secco)

São vários os filmes que versam sobre prostituição masculina e ou feminina: "Noites de Cabíria", de Fellini; "Diário de uma prostituta", de Edward Freund; "Garotos de programa", de Gus Van Sant; "Lucíola, o anjo pecador", de Afredo Sternheim; "Gigolô americano", de Paul Schrader; "A bela da tarde", de Buñuel; "Pretty baby", de Louis Malle; "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituta", de Uli Edel; e o fenômeno de bilheteria "Uma linda mulher", de Gary Marshall, entre outros. Nos anos 70 e 80, a cinematografia de temática e conteúdo sexual lotava os cinemas de bairro. As gloriosas pornochanchadas italianas e brasileiras — não confundir com filmes pornográficos — são hoje ressuscitadas e revitalizadas através do cinema neotecnológico, e se dão o nome de comédias eróticas. Mas a maioria dos filmes modernos do gênero deixa a desejar por pura falta de habilidade ou sensibilidade na sua concepção e, sobretudo, pela covardia intelectual (leia-se falsa moral) de seus realizadores. Não é o caso de "Bruna Surfistinha", no qual a sensualidade desabrocha em carne viva.

"Foi como garota de programa que eu me conheci" é a frase dita no filme por Bruna, ou... Raquel. Bruna Surfistinha, adolescente, cleptomaníaca e blogueira, sente-se algemada a uma família de classe média paulistana que ela descobre ser medíocre. Toma então a decisão de se tornar garota de programa. No filme, a menina metamorfoseia-se em mulher, com ajuda das invejosas colegas de sua nova profissão — aliás, entre as atrizes que vivem as outras prostitituas do filme, Fabiula Nascimento dá um show à parte.

Na telona, "Bruna Surfistinha" é uma fábula urbana, que aborda com doses maciças de sensualidade e erotismo o comportamento e a psicologia de sua protagonista. Marcus Baldini, o diretor, um estreante com experiência em publicidade, cerca este seu primeiro longa com cuidados e coragem e estética narrativas que a maioria dos cineastas brasileiros não teve e não tem. Marcus consegue fugir à famigerada chancela "celuloidica" de alma publicitária, também graças à heróica participação de Deborah Secco.

Fonte: extra.globo.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir