Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-04-2011

Poucas mudanças em Cuba
As mudanças incentivadas por Raúl Castro e aprovadas pelo Partido Comunista de Cuba (PCC)
Poucas mudanças em Cuba
Foto: AFP

Diego Urdaneta

WASHINGTON — As mudanças incentivadas por Raúl Castro e aprovadas pelo Partido Comunista de Cuba (PCC) foram recebidas com ceticismo por analistas americanos nesta terça-feira, descartando que possam contribuir para maior abertura dos Estados Unidos em relação à ilha.

"O Congresso (do PCC) representa uma certa mudança, mas com tudo muito controlado e gradual", declarou à AFP Michael Shifter, presidente do centro de análises Diálogo Interamericano, ao comentar a assembleia que consagrou Raúl Castro como líder comunista máximo de Cuba e aprovou seu plano de reformas econômicas.

"Não vejo mudanças dramáticas", destacou.

Fidel Castro, que ficou sem nenhum cargo político ao abandonar a posição máxima do partido depois de exercê-la desde 1965, apareceu nesta terça-feira no Congresso, tendo sido muito citado por Raúl, o que indica que continuará tendo peso no rumo do regime cubano.

Os anúncios "são significativos, e dão sequência às reformas apresentadas desde que Raúl Castro assumiu o poder", mas "a pergunta que fazemos é se a enorme máquina burocrática cederá ante a reformas", disse John Kirk, especialista em Cuba da Universidade Dalhousie da Nova Escócia, Canadá.

José Azel, analista do Instituto de Estudos Cubanos da Universidade de Miami, considerou que com a nova cúpula do PCC poderá haver "mudanças de estilo de governo", mas "nada além disso".

Os analistas coincidiram no fato de que não existem condições políticas para uma mudança na atitude de Washington para Cuba em curto prazo.

Um porta-voz do Departamento de Estado evitou comentar as decisões do congresso comunista cubano, limitando-se a indicar que se trata de "um processo interno".

"Queremos que o povo cubano tenha mais acesso à informação livre e a outros aspectos", reiterou o porta-voz, Mark Toner, em entrevista à imprensa.

"Lamentavelmente haverá poucas mudanças na relação bilateral, até que Fidel morra, ou até que (Barack) Obama seja novamente eleito" presidente dos Estados Unidos em 2012, disse Kirk, que viaja frequentemente à ilha.

Ao chegar ao poder, em janeiro de 2009, Obama adotou medidas de abertura, permitindo as viagens e o envio de remessas de cubano-americanos à ilha.

Retomou também o diálogo migratório, interrompido em 2003 por Bush, e de intercâmbio postal direto, facilitando ainda os vistos de viagem a Cuba de americanos por motivos religiosos, acadêmicos, culturais e esportivos.

Mas a detenção, em dezembro de 2009, e posterior condenação a 15 anos de prisão do americano Alan Gross, acusado de espionagem, voltou a distanciar os adversários históricos, que não mantêm relações diplomáticas há meio século.

Washington deixou claro que não haverá avanços até que Gross, de 61 anos, seja libertado.

Além disso, qualquer iniciativa maior, como uma suavização do embargo em vigor desde 1962, fica descartada, toda vez que os republicanos estejam em maioria na Câmara de Representantes.

Poucas mudanças em Cuba, mas sem impacto sobre a atitude de Washington

Poucas mudanças em Cuba, mas sem impacto sobre a atitude de Washington


Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir