Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-05-2011

Futuros investimentos para Estado revisita antigo modelo industriais
A euforia provocada pelo balan�o de investimentos para o Esp�rito Santo nos pr�ximos cinco anos repete o desgastado modelo industrial
Futuros investimentos para Estado revisita antigo modelo industriais
Foto: www.maratimba.com

A euforia provocada pelo balan�o de investimentos para o Esp�rito Santo nos pr�ximos cinco anos repete o desgastado modelo industrial. Apesar da restrita participa��o na arrecada��o fiscal do Estado, dez dos 30 maiores projetos listados caminham para o setor de produ��o de commodities e produtos semi-elaborados.

Dos R$ 98,9 bilh�es previstos em investimentos privados e p�blicos, o setor voltado para a exporta��o ser� respons�vel por R$ 76,8 bilh�es, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

No perfil de investimentos fica evidenciada a pretens�o do novo governo em repetir o mesmo perfil do antecessor � sobretudo, em rela��o �s grandes empresas. Entre os tr�s principais empreendimentos, dois deles est�o relacionados diretamente com o setor da minera��o.

Outro segmento destacado na rela��o � de petr�leo e g�s, respons�vel pela metade dos 30 projetos indicados. Entretanto, os investimentos nesta cadeia s�o vistos como positivos em fun��o da descoberta de grandes reservas do pr�-sal.

Segundo a pesquisa do IJSN, o maior projeto industrial previsto at� 2015 ser� a constru��o da Companhia Sider�rgica de Ubu (CSU) no munic�pio de Anchieta, que ser� tocado pela mineradora Vale, e a constru��o de um complexo portu�rio e de minera��o pelo grupo transnacional Ferrous Resources, em Presidente Kennedy. Juntos, os dois projetos na regi�o sul do Estado devem movimentar R$ 18 bilh�es.

Tamanhos investimentos � assim como dos demais projetos ligados a este setor, como amplia��o das atuais plantas industriais da Vale e Samarco � devem gerar um novo ciclo de impactos em solo capixaba. J� que a produ��o de semi-elaborados contribui para a degrada��o do meio ambiente, o processo migrat�rio de trabalhadores durante a fase de constru��o � que acaba influindo na cria��o de bols�es de pobreza ao redor dos canteiros de obra � e permitiu a ocupa��o de terras de comunidades tradicionais e a cultura de eucalipto em �reas agricult�veis, estes �ltimos ligados � empresa Aracruz Celulose (hoje sob a denomina��o Fibria).

Em compara��o aos impactos conhecida da produ��o de commodities, a prevista diversifica��o dos investimentos at� cidades do interior chega a ser problem�tica. Isso porque traz desorganiza��o a �reas pacatas, como a regi�o administrativa Metropolitana Expandida Sul que deve receber R$ 39,8 bilh�es do total de projetos, por�m, a contrapartida � alvo de controv�rsias. Tanto que, o ent�o principal argumento para a instala��o dos empreendimentos, a quest�o dos empregos gerados n�o � mais reproduzida na m�dia como justificativa para os projetos.

Da mesma forma que os projetos n�o fazem jus ao impacto ecol�gico gerado e do ponto de vista financeiro, n�o trazem grande lucro ao Estado. Pelo contr�rio. Em fun��o da pol�tica de incentivos, como a Lei Kandir � que desonera a exporta��o � e a possibilidade dado pelo governo estadual do uso de cr�ditos fiscais, as atividades causam preju�zo aos cofres p�blicos. Fato comprovado por recente estudo com base nos dados do Conselho Nacional de Pol�tica Fazend�ria (Confaz) que indicou uma queda de 26% na participa��o do Estado no bolo de ICMS no Pa�s � o pior desempenho entre todos os estados da Federa��o.

A l�gica do cr�dito de ICMS prejudica o Estado, j� que o benef�cio � negociado com des�gio pelas grandes empresas exportadoras. Por conta de brechas legais concedidas pelo governo do Estado, as empresas negociam hoje esses cr�ditos com valor de face para devedores do Fisco. Entretanto, recentes investidas das transnacionais est�o diluindo esse estoque de cr�ditos � cujo quantitativo ainda � um mist�rio, j� que o governo n�o revela esses n�meros � para os grandes pagadores do tributo, como concession�rias de energia el�trica. Tal medida pode desequilibrar de vez as finan�as p�blicas. Um pre�o muito alto para a continuidade de ber�o destes grandes empreendimentos.

Um outro questionamento � sobre a industrializa��o de fato, reproduzido tamb�m em n�vel nacional. �rea de influ�ncia da mineradora Vale, o Estado v� repetidamente iniciativas da companhia em ampliar as atividade de beneficiamento do min�rio de ferro sem avan�ar na complementa��o da cadeia coletiva do a�o, cujas "pelots" s�o a principal mat�ria-prima.

Exemplos das previstas expans�es da quarta usina da Samarco Minera��o (cuja Vale det�m 50% das a��es) e da oitava usina da pr�pria empresa � ambos previstos no estudo do IJSN.
Perfil industrial que o professor em�rito da Universidade Fluminense do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) Carlos Lessa classificou, em artigo publicado no Valor Econ�mico como "voca��o de Rep�blica Velha". Dados do governo federal apontam neste caminho. Enquanto a tonelada m�dia exportada vale US$ 163, a tonelada exportada US$ 3 mil � quase dezoito vezes a mais.

Essa diferen�a gritante entre os valores da tonelada exportada e da importada, posteriormente, mostra o caminho das mat�rias-primas que saem dos portos capixabas para retornar com valor agregado. Como o caso da pr�pria Vale que vende min�rio para a China e compra produtos (a�o) chineses.

Apesar do professor Fernando Sarti, da Unicamp, ter uma vis�o menos simplista deste debate, ele concorda que � preciso focar mais que a mat�ria-prima. "� importante haver um transbordamento para outros segmentos da economia", declarou ao Valor. Transbordamento este que parece cada vez mais afastado dos grandes investimentos no Estado.


    Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  John Wesley    |      Imprimir