Categoria Informativo  Noticia Atualizada em 16-05-2011

16 de maio dia do Gari, você sabia?
Hoje, 16 de maio, é o Dia do Gari, instituído por uma lei em 31 de outubro de 1962
16 de maio dia do Gari, você sabia?
Foto: John Wesley

Papel de bala que a menininha deixou escorregar das mãos, bituca de cigarro que o empresário fingiu derrubar, nota fiscal amassada do mercado ali da esquina… Um palito de fósforo aqui, um chiclete ali e pronto: está formada a decoração do cenário urbano ao fim de um dia comum. Ou ao menos estaria, não fossem aqueles profissionais em trajes laranjas que insistem em evitar que o lixo se acumule nas ruas.

Hoje, 16 de maio, é o Dia do Gari, instituído por uma lei em 31 de outubro de 1962. A categoria dos profissionais de limpeza é a que mais emprega mão-de-obra de baixa escolaridade no Brasil: 1,5 milhão de empregos. No Espírito Santo, mais de 30 mil pessoas trabalham no setor.

Sempre a postos com suas vassouras em quase todas as esquinas, os garis são figuras já tão corriqueiras na paisagem da cidade que por muitas vezes acabam passando despercebidos aos olhos dos pedestres. O dia no calendário, entretanto, chega a ser esquecido pelos próprios profissionais.

Responsável pela limpeza de parte da Praça da barra, a mais movimentadas de Marataízes, José Maria da Silva (Zé Maria), nunca soube, em quase nove anos de profissão, que em 16 de maio comemora-se o dia dos garis. "É mesmo? Estou sabendo só agora", admira-se. "Nunca teve nenhuma festa na prefeitura e nem do sindicato, nada de especial", diz, Zé Maria
De acordo com levantamento desta reportagem, um gari caminha, diariamente, cerca de quatro quilômetros em sua "ronda" de limpeza.

José Maria, morador da Barra, acorda antes do nascer do sol para conseguir chegar com sua vassoura e seu carrinho de coleta às sete horas da manhã. Bem humorado, brinca sobre a distância que percorre todos os dias: "É exercício, tenho que perder essa barriga aqui". Segundo Zé Maria, o trabalho mais puxado fica por conta das segundas-feiras, já que não há limpeza urbana aos domingos. "Segunda é um pouco pior, o pessoal exagera no fim de semana, joga muita coisa no chão, coisa perigosa até, garrafa de vidro", lamenta.

Não são raras as ocasiões em que garis são tratados de maneira rude e indelicada pelos pedestres. Diariamente, são expostos a comentários preconceituosos e vêem sua profissão virar sinônimo de marginalidade. "Já me aconteceu de uma mulher puxar o filho pequeno pra longe de mim", conta Mauro Barbosa triste. "Tem gente que acha que o nosso trabalho não é digno", completa Pedro de Oliveira.

Zé Maria não se incomoda com as reações desagradáveis de alguns pedestres em relação a sua profissão. "Sempre tem as pessoas que não têm boa educação, né. Às vezes acontece de jogarem lixo na calçada bem na minha frente, mas é meu trabalho limpar. Eu trato todo mundo bem. O que faz um bom amigo é ser amigo", declara.

Comerciante de uma loja localizada na Praça da Barra em que Zé trabalha, Eduardo Ribeiro elogia o capricho do amigo: "A frente da minha loja está sempre impecável no horário de turno dele. É bom tê-lo por perto, esse uniforme chamativo espanta ladrão", brinca e promete uma lembrança: "Dia do Gari? Esse cara merece um presente!"


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  John Wesley    |      Imprimir