Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 29-05-2011

ABESTADO
Agora o c� v�: que coisa mais boa de prosear. Dentro de um elevador subindo ao 8� andar do m�ximo do Poder do Estado eis que entra uma biba daquelas acabadas, bem magras, sugadas pelo tempo...
ABESTADO

Agora o c� v�: que coisa mais boa de prosear. Dentro de um elevador subindo ao 8� andar do m�ximo do Poder do Estado eis que entra uma biba daquelas acabadas, bem magras, sugadas pelo tempo, suada, falando pelos cotovelos de Deus e todo mundo.
Desvairada, aposentada e muito bem informada ela resolve disparar toda a indigna��o naquele elevador apertado. Como se os outros ocupantes tivessem a fim de escutar as lam�rias dela.

Muito bem! O c� presta bem aten��o nos bl� bl� daquela indignada magra, senhora biba. Como foi dito assim que ela saiu no 7� andar andando apressada, ela preside uma associa��o que defende os direitos da classe, por isso sabe muita coisa. E muitos segredinhos dos engravatados granfinos que ocupam o mesmo elevador cotidianamente. A trabalho!

Ela falava que sentia saudades dos tempos da fartura, do oba-oba sem obst�culos, da facilidade e da farra sem m�scaras naquele supremo poder daquela corte. De um tal ex-presidente que foi preso e perdeu todos os seus direitos pol�ticos, inclusive sendo acusado de crime organizado e saindo escondido pela gola do palet� importado quando era conduzido a uma viatura policial para dar explica��es de seus atos.

- Bem est� ele! Passeando em uma de suas belas lanchas com amigos, curtindo a vida regada nas ondas esverdeadas l�mpidas, tomando do melhor u�sque enquanto os ex-colegas que o cassaram, continuam o esquema muito mais organizado. Mas ele t� bem: churrasco em alto mar enquanto a gente aqui se espreme nessa merda de elevador.

Oc� sabe que me deu uma vontade danada de ir de gabinete em gabinete ver a cara dos nobres deputados, os mesmos que ele difamava naquele elevador apertado. N�o podia ser verdade, era a primeira vez que ia a um gabinete t�o nobre.

Confesso que esperava ser recebida com todas as honrarias. Tomei caf� enquanto aguardava o tal do deputado.

Mas n�o! Havia marcado uma entrevista com um dos que aquela biba doida adjetiva de bandido. Logo � porta, uma bela mo�a. Deve ser uma das assessoras parlamentares. A mesa, sentado, com cara de pau mandado, um homem com um portugu�s nada super apurado.

Logo logo minha l�ngua co�ou e pus-me a perguntar: - Mo�o, n�o consigo ler seu crach�! Qual � a fun��o do senhor aqui?

Sem mais delongas, o �home� come�ou a se explicar: Fa�o de tudo. Vou �na� rua, fa�o favor, trabalho tamb�m para uma Secretaria, sou o �home� do �home�. Eu nem conhecia o tal do deputado, n�o sabia das suas prefer�ncias mais �ntimas para aquele senhor falar assim t�o seguro que era o �home� do �home�.

De repente, sai um senhor engravato de um dos gabinetes do nobre deputado e aquele mo�o faz tudo ali sentado murmurou: - �dotor�, num �hemologuei� o documento n�o!

Ali sentada enquanto aguardava, comecei a sussurrar sozinha numa agonia infernal. Ser� que tem requisito pra ser contratado como assessor de um deputado? Puxei pela mem�ria e veio � cabe�a uma propaganda eleitoral.

"Advinha quem ta falando? Duvido que �voc�is� adivinharam! Re-re-re... Sou eu, o Tiririririririririca, candidato a deputado federal 22 22. N�o esquece! Peguei �voc�is�, enganei �voc�is�, �voc�is�, �pensou� que fosse outra pessoa? Sou eu: o abestado! Vote 22 22".

Ap�s essa lembran�a r�pida compreendi tudo. Tinha de sair daquele lugar rapidamente, fumar um cigarro e respirar na rua. Nem para deputado tem requisito algum, quanto mais para assessor. Talvez esteja muito correto aquele ex, numa bela lancha tomando u�sque, enquanto n�s, idiotas, esperamos na sala a nossa vez. Que vez?


    Fonte: A Autora
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir