|
Perícia termina, e içamento de barco naufragado é retomado
|
Delegado disse que "duas ou três pessoas" devem ser indiciadas. Bombeiros vão tentar virar embarcação e levá-la para margem.
Foto: g1 Terminou por volta das 12h30 desta terça-feira (31), a perícia da Polícia Civil e da Marinha no barco Imagination, que naufragou no último dia 22, no Lago Paranoá, em Brasília, matando nove pessoas. A polícia não divulgou informações sobre as análises realizadas, mas o delegado Adval Cardoso, que cuida da investigação do caso, informou que "duas ou três pessoas" devem ser indiciadas.
O delegado disse que, até a manhã desta terça-feira (31), cerca de 80 pessoas já haviam prestado depoimento sobre o caso. "Há poucas divergências, mas precisamos checar tudo para não ficar nenhuma dúvida. Isso demanda tempo", explicou Cardoso.
Segundo ele, fatos novos podem surgir a partir da perícia da embarcação e de novos depoimentos. Ele não deu um prazo de quando o inquérito deve ser concluído.
Cardoso afirmou que o objetivo da polícia é identificar quantas pessoas estavam no barco. "Queremos saber o número exato de pessoas e quem são elas. Já sabemos que havia na embarcação mais do que estava na lista."
O barco segue sob a condição de apreendido até que a polícia encerre a perícia. Uma análise no Imagination pode ser feita quando a embarcação estiver em terra. Durante a tarde desta segunda, os bombeiros vão tentar desvirar a embarcação para tracioná-la para a margem. Globos de flutuação estão sendo colocados e serão inflados e o barco rebocador deve ser acionado.
Não há previsão de quando o içamento vai terminar, mas com a perícia já realizada, o trabalho será facilitado. "Tínhamos que ter um cuidado maior porque era preciso preservar a embarcação para perícia", comentou a major Vanessa Signale, do Corpo de Bombeiros.
Quinze bombeiros trabalham na operação na tarde desta terça. O Imagination está a 150 metros da margem e a oito metros de profundidade.
Naufrágio
O acidente com o Imagination deixou nove mortes. Mais de cem pessoas estavam no barco quando ele naufragou. Nota divulgada pela Marinha no dia seguinte ao do acidente informava que o barco tinha capacidade para 90 passageiros e 2 tripulantes.
O naufrágio aconteceu por volta das 21h do dia 22. No momento do acidente era realizada no barco uma festa organizada por uma empresária, dona de um buffet. A irmã dela morreu no naufrágio.
Segundo o delegado Rogério Leite, da Polícia Fluvial de Brasília, mergulhadores encontraram uma rachadura em uma estrutura na parte de baixo do barco que auxilia na flutuação.
Em depoimento à polícia, o piloto do barco, Airton Carvalho da Silva Maciel, disse que a embarcação estava inclinada para a esquerda quando deixou o cais. Ele afirmou que pediu aos passageiros para irem para o outro lado, "para compensar" a inclinação.
Vídeo
Um vídeo gravado por peritos da Polícia Civil e obtido pela TV Globo mostra o barco no fundo do lago (assista ao lado). Nas imagens é possível ver o nome do barco, uma placa de identificação que detalha a capacidade de passageiros, uma agenda, coletes salva-vidas e até uma garrafa de bebida.
No vídeo, os mergulhadores nadam em volta do barco. A água é turva e há pouca iluminação. O barco está a uma profundidade de 18 metros.
O número atualizado de passageiros coincide com o número de coletes informados pelo comandante da embarcação. Mas, pelas normas de segurança, deve haver sempre mais equipamentos do que pessoas a bordo.
Na semana passadsa, a polícia havia informado que a perícia esperava localizar todos os coletes, inclusive os que estavam em pontos mais distantes do local do naufrágio, para saber exatamente quantos haviam à disposição dos passageiros no dia do acidente.
Pelo menos três pessoas reclamaram em seus depoimentos da quantidade de janelas e peças de vidro, que teriam atrapalhado na hora da fuga.
"Quando eu fiquei presa nos vidros, a única coisa que eu pedi foi a Deus para me ajudar a sair dali. Não sei se eu quebrei aquele vidro ou se eu consegui abrir. Machuquei minha perna, fiquei inchada por causa da força que eu fiz, fiquei roxa", contou a ajudante de cozinha Eliane Cardoso de Souza.
A ajudante de cozinha Juliane Ribeiro costumava trabalhar no Imagination. No último domingo, porém, estava como convidada. Ela afirmou que o barco já havia apresentado problemas. Além dos apagões de luz, era comum o comandante descer até a área do motor para tirar a água que entrava.
"Tinha muita água subindo, não chegava a ponto de encher tudo, mas estava começando. Ele ia lá, pegava uma espécie de mangueira para sugar água e jogar no lago de novo. Eu estava com medo", afirmou.
Fonte: g1
|
|
Por:
Wellyngton Menezes Brandão |
Imprimir
|
|
|
|