Manifestantes e militares desertores celebram neste domingo (5) em Sanaa a partida do presidente iemenita para a Arábia Saudita
Foto: AP O presidente em exercício do Iêmen, Abdel Rabo Mansur Habi, propôs uma trégua neste domingo (5) à federação tribal que combate tropas do governo na capital, Sanaa, desde 23 de maio, informaram líderes da oposição.
Os combatentes da federação Hashed aceitaram a proposta, sempre segundo os oposicionistas.
Habi, vice-presidente que assumiu enquanto o contestado presidente Ali Abdullah Saleh passa por tratamento médico na Arábia Saudita, disse que o governo iemenita se dispõe a retirar tropas dos locais em que os combates são mais acirrados e levantar os bloqueios nas principais vias de acesso à capital e outras cidades do país, cuja crise política agravou-se nas últimas semanas com os combates de rua.
Tratamento médico
Saleh, de 69 anos, chegou na noite de sábado a Riad para receber tratamento dos ferimentos na cabeça e no pescoço, recebidos em um ataque à mesquita do palácio presidencial, na sexta-feira.
O bombardeio matou pelo menos sete guardas presidenciais e deixou importantes autoridades feridas.
Fontes do gov.erno disseram à France Presse que ele deve voltar ao Iêmen logo, num prazo de duas semanas.
Fontes negaram que a viagem de Saleh signifique que o governo tenha caído. Autoridades importantes do país, inclusive filhos e sobrinhos de Saleh, ainda estão no país, e não partiram para a Arábia Saudita, segundo fontes do governo iemenita.
Ahmed, o filho mais velho de Saleh, comanda a Guarda Republicana, e três dos seus sobrinhos controlam os serviços de segurança e inteligência do país.
Mesmo assim, jovens opositores do regime tomaram as ruas de Sanaa, celebrando o que chamam de "a queda do regime". Também havia comemorações em Taez, outro foco dos protestos, contra Saleh, no poder há 33 anos.
A viagem dele para se tratar em Riad se deveu ao fato de que a Arábia Saudita tem melhor infraestrutura médica do que o empobrecido Iêmen.
Segundo uma fonte do regime, o presidente tem apenas "queimaduras e arranhões no rosto e no peito". Mas fontes médicas sauditas informaram que ele seria operado para extrair fragmentos.
Saleh chegou em um avião ambulância saudita e foi levado imediatamente ao hospital militar de Riad. Os familiares do presidente viajaram à capital saudita em outra aeronave.
O presidente gravou uma mensagem para assegurar aos iemenitas que estava bem. Ele falava com tranquilidade, mas aparentava cansaço.
Na noite de sábado, novos confrontos ocorreram em Taez, a 270 km de Sanaa. Militares enfrentaram homens armados que ocuparam vários prédios do governo, entre eles quatro delegacias. Em Sanaa, disparos foram ouvidos durante a madrugada.
Al-Qaeda
As Forças Armadas do Iêmen culparam o braço local da rede terrorista da al-Qaeda pelo ataque ao palácio presidencial na sexta.
Diplomatas e analistas acusam o governo de Saleh de exagerar o tamanho da ameaça da al-Qaeda no país para angariar apoio internacional ao regime e justificar o autoritarismo.
No próprio dia dos ataques, Saleh havia acusado uma federação de tribos, que aderiu à oposição, pelo ataque.
Fontes iemenistas citam também a hipótese de que o ataque teria sido feito pelo general Ali Mohsen, que desertou e apoiou a revolta popular.
Presidente em exercício do Iêmen propõe trégua a combatentes tribais
Grupo que apoia a oposição a Saleh teria aceito a trégua, diz oposição.
Contestado presidente está na Arábia para tratamento, e país está no caos.
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