Categoria Geral  Noticia Atualizada em 08-06-2011

Salário pedido está acima do que RJ pode pagar, diz coronel
Bombeiros fazem protesto e mostram contracheque na Alerj
Salário pedido está acima do que RJ pode pagar, diz coronel
Foto: Lílian Quaino/G1

Tássia Thum

Após mais de quatro horas de reunião com sete representantes dos bombeiros, o comandante da corporação, coronel Sérgio Simões, afirmou, na noite desta terça-feira (7), que a proposta salarial apresentada pelos militares precisa ser reformulada. Segundo ele, o piso está acima do que o governo estadual pode pagar.

Ainda de acordo com o coronel Sérgio Simões, no pedido apresentado pelos bombeiros, o salário de coronel ultrapassaria o teto pago pelo estado, que é o do governador. O comandante pediu aos representantes dos bombeiros que refizessem a proposta e voltassem a apresentá-la na próxima quinta-feira (9). O horário e local da nova reunião, no entanto, ainda não foram divulgados.

"Eu os alertei e pedi que refizessem a proposta nos parâmetros adequados para avançarmos no entendimento. Não faz sentido levar adiante essa proposta porque ela não vai passar", comentou o comandante.

Prisão de bombeiros
O coronel Simões disse que a prisão dos 439 bombeiros foi outra questão discutida com os representantes. O comandante informou que o grupo apresentou uma lei federal, que já anistiou presos de outros estados em situação semelhante a dos militares do Rio. No entanto, Simões argumentou que tem dúvidas da eficácia legal da lei e ressaltou que não cabe a corporação decidir pela liberação dos presos.

Ainda nesta terça, o comandante do Corpo de Bombeiros se encontrou com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Paulo Melo (PMDB), e o secretário estadual de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes. "O diálogo está restabelecido, o que eu acho fundamental porque a gente encontra uma saída", disse Paulo Melo ao sair da reunião.

Escadarias da Alerj
Por volta das 20h50 de terça-feira, centenas de bombeiros continuavam ocupando as escadarias da Alerj em protesto contra a prisão dos 439 colegas de farda presos. O grupo foi preso após invadir o Quartel Central da Corporação durante um protesto por aumento de salário e melhores condições de trabalho.

Nas portas da Alerj, os manifestantes têm a companhia de parentes e amigos dos bombeiros presos, que seguem reivindicando melhores salários e condições de trabalho para os agentes.

Pedido de liberdade provisória

No início da noite, a Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro entrou com pedido de relaxamento de prisão e liberdade provisória para os 439 bombeiros presos. Segundo a assessoria de comunicação da Defensoria, o pedido foi entregue à Auditoria Militar.

"O pedido de relaxamento de prisão foi feito porque, até o momento, a Defensoria não recebeu o Auto de Prisão em Flagrante dos militares, o que tornaria a prisão ilegal. Para os Defensores, a demora na comunicação não se justifica nem mesmo com o número elevado de detidos", explicou, em nota, a Defensoria Pública.

Já no pedido de Liberdade Provisória, ainda segundo a assessoria da Defensoria, "é afirmada a desnecessidade da prisão dos Bombeiros, uma vez que num Estado Democrático de Direito a regra é que o réu responda ao processo em liberdade, só podendo ser preso após a condenação transitada em julgado".

"Além disso, a prisão provisória é uma medida excepcional, não podendo ser aplicada como forma de punição antecipada", diz a nota, acrescentando que os defensores públicos "entendem que os bombeiros exercem atividade lícita e estável como servidores públicos".

No último domingo (5), a juíza Maria Izabel Pena Pieranti negou o habeas corpus a um bombeiro preso. A informação foi confirmada na tarde desta terça pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), após divulgação da decisão no site do governo do estado.

De acordo com a juíza, os bombeiros não seguiram o mandamento da instituição militar. Ela alegou ainda em sua decisão "nos recentes episódios, o que se viu foi uma verdadeira baderna protagonizada não por civis coléricos. Os atores eram, espantosamente, bombeiros militares enfurecidos, ensandecidos, buscando, com força bruta, alcançar intentos que consideravam justos".

A magistrada afirmou ainda que os manifestantes perderam a razão ao usarem a força para invadir o quartel geral dos bombeiros. "Com o uso da força bruta e praticando verdadeiros desmandos, insurgiram-se, exacerbaram-se e perderam toda e qualquer razão que eventualmente, em algum momento, possam ter tido. Conflagrados, invadiram o QG da Corporação. Depredaram instalações públicas. Impediram que viaturas saíssem para atender a chamados urgentes. Fizeram desembarcar colegas de dentro de viaturas que trafegavam em serviço. Um verdadeiro caos".

"Em truculento exercício arbitrário dos próprios motivos, causaram verdadeira consternação a seus superiores e aos cidadãos. Olvidaram-se de todas as boas normas de conduta, tanto daquelas que regem as pessoas civilizadas, como daquelas que norteiam os militares como um todo", completou.

Bombeiros presos recusam transferência
A Associação do Corpos de Bombeiros do Brasil afirmou que o comandante da corporação no Rio, coronel Sérgio Simões, ofereceu aos militares presos a possibilidade de transferí-los para quartéis de unidades mais próximas de suas famílias. No entanto, durante reunião realizada nesta terça (7) no quartel da corporação em Jurujuba, em Niterói, entre o coronel e os 439 bombeiros e salva-vidas presos, os oficiais recusaram a transferência.

"Ele (coronel Sérgio Simões) falou que não pode fazer mais nada para libertá-los, mas que agora a questão está com a Justiça Militar. O coronel ofereceu às famílias transferir os bombeiros presos para quartéis de unidades mais próximas às suas famílias, mas os bombeiros presos não aceitaram isso. Eles querem ficar juntos, são mais fortes unidos do que separados pelo estado", disse Sonia Regina Guanieri, representante da Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas das Polícias Militares, Brigadas Militares e Corpos de Bombeiros do Brasil.

Bombeiros presos raspam a cabeça
Alguns dos bombeiros presos no quartel de Jurujuba, em Niterói, após a invasão do quartel central na última sexta-feira (6) rasparam a cabeça. Em sinal de protesto, eles pintaram o número 439 referente ao número de oficiais que estão presos.

Salário pedido está acima do que RJ pode pagar, diz coronel a bombeiros
Afirmação foi feita nesta noite, após reunião com representantes da categoria.
Para comandante do Corpo de Bombeiros, proposta tem de ser reformulada.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir