Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-06-2011

Sucateado, IEMA ajuda a poluir ambiente ao despejar efluentes químicos sem tratamento
Vivendo um momento de insegurança profissional, paralisações, descaso e envolvidos em numerosos protestos, os técnicos do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) enfrentam mais um obstáculo
Sucateado, IEMA ajuda a poluir ambiente ao despejar efluentes químicos sem tratamento
Foto: Divulgação

Vivendo um momento de insegurança profissional, paralisações, descaso e envolvidos em numerosos protestos, os técnicos do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) enfrentam mais um obstáculo: sucateado, sujo e em desacordo com a legislação ambiental, a estrutura do Laboratório de Análises e Parâmetros Ambientais Moacir Carvalheira de Mendonça, em Cariacica, está colocando em risco a segurança de seus técnicos, indo de encontro ao principal objetivo do órgão: a conservação e a defesa do meio ambiente.

Localizado nas dependências do 7° Batalhão da Polícia Militar, na Rodovia José Sette, em Cariacica, o laboratório está comprometendo a qualidade das águas do Estado. Contrapondo-se ao papel de fiscalizador, o Iema é responsável por despejar substâncias químicas (descartea da amostras, soluções e resíduos de lavagem de vidrarias) sem qualquer tratamento diretamente na rede coletora de esgoto.

O órgão, assim, não faz o que deveria, ou seja, segregar ou tratar seus efluentes, tal como exige (ou deveria exigir) por meio da sua fiscalização em outros laboratórios da mesma tipologia localizados no Estado. O laboratório do órgão ambiental no Estado também não tem anuência da Cesan para o despejo de efluentes na rede de esgotos, em Cariacica.

No caso do funcionamento da mesma tipologia no Estado o Iema exige, mas não cumpre, que as pias sejam desprovidas de ligação com a rede de esgoto e que os efluentes dos laboratórios sejam recolhidos em recipientes próprios ou encaminhados para a estação de tratamento adequada. No caso de haver conexão das pias com a rede de esgoto, o Iema exige que haja anuência da Cesan, mas esta exigência o órgão também não cumpre.

O laboratório também não dispõe de local adequado para armazenamento temporário dos resíduos sólidos gerados. Atualmente, tais resíduos vêm sendo armazenados em uma estrutura externa do laboratório, localizada em frente à sua entrada principal, denominada de "bota fora". O local foi avaliado como inadequado para o armazenamento dos resíduos, que se enquadram na Classe I (perigosos). Ou seja, o local não possui a devida contenção. Além disso, os resíduos estão misturados a outros de classes diferentes, em desacordo, portanto, com as normas vigentes.

A precariedade do laboratório se dá também com fiação exposta em ‘gambiarras’ próximas as bancadas de análises (na foto, tomada elétrica incediada); extintores vencidos; materiais classificados como perigosos atulhados em uma sala inadequada para o armazenamento; luvas térmicas em que os dedos vazam entre furos e uma central de gás em desacordo com as normas de segurança.

Não cessam ainda as reclamações com o banheiro interditado, as infiltrações e vidros quebrados do laboratório. Entre os funcionários, o que se vê é um malabarismo para que as atividades sejam desenvolvidas, e, ainda assim, sem qualquer garantia sobre a qualidade analítica do resultado, já que as condições de trabalho são péssimas.

Sem garantia de qualidade e segurança, o órgão se coloca na contramão do seu dever e coloca em dúvida os resultados de suas análises laboratoriais. A precariedade do laboratório coloca em risco, por exemplo, as análises sobre a balneabilidade das principais praias da Grande Vitória.

A sede do laboratório é alocada pelo órgão, mas já foi sede do Incaper, onde funcionava anteriormente o laboratório da antiga Encapa, que, após a fusão com o Emater, se transformou em Incaper. Através de um acordo de comodato entre Iema, Incaper e Polícia Militar, o órgão atualmente ocupa o local, mas não garante a sua manutenção.

Além dos problemas internos, de fora o que se vê são rachaduras, vidraças quebradas e infiltrações. Dentro, além de bancadas quebradas e da fiação exposta, faltam itens básicos para o funcionamento de um laboratório, como bancadas revestidas de forma adequada. Atualmente as bancadas que não estão quebradas se acham revestidas de uma borracha preta desgastada, o que representa risco de contaminação às análises laboratoriais, já que a borracha é passível de conter contaminantes.

Por se tratar de uma edificação antiga e desprovida de manutenção, as instalações elétricas se encontram em situação precária. É possível observar. em diversos pontos do laboratório, fios condutores expostos de forma indevida, inclusive próximos a equipamentos para realização de análises que utilizam produtos químicos em altas temperaturas.

O laboratório também é precário quanto à higiene pessoal de seus funcionários. Conta apenas com um banheiro feminino e um masculino, sendo que ambos encontram-se em péssimas condições físicas. O mictório do banheiro masculino foi interditado devido a infiltrações que geraram a proliferação de mofo na parede externa, fica na entrada principal do laboratório e ao lado do setor de microbiologia.

O Iema também deixa a desejar em relação à proteção individual de seus técnicos. Os únicos equipamentos fornecidos são jalecos de algodão, luvas de látex e um par de luvas técnicas (foto) que, atualmente, se encontram furadas. Já máscaras para a proteção respiratória, necessárias à manipulação de substâncias voláteis nocivas à saúde, não existem.

O laboratório também não possui Certificado de Vistoria do Corpo de Bombeiros desde 2009 e não conta com um responsável técnico. Pelas análises realizadas, não há responsável, além do próprio Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
Na atual estrutura do Iema esse laboratório é uma coordenação ligada à Gerência de Recursos Hídricos, necessitando, dessa forma, de um coordenador de área, que seria, no caso, o responsável técnico por suas atividades.

Atualmente, uma funcionária foi alocada "provisoriamente" para administrar o laboratório até que fosse providenciado um coordenador responsável pelo setor. No entanto, até o presente momento, tal coordenador não foi escolhido, permanecendo o laboratório sem nenhum responsável.

Entretanto, a atual "administradora" do laboratório, Rejane Lima Ronchi, ocupa cargo comissionado, e, segundo os técnicos, trabalha apenas das 14h às 17h, mesmo sendo remunerada por uma jornada de oito horas diárias.

Inspirados pela iniciativa dos funcionários do Incaper, que firmaram parceria para a construção de um polo laboratorial com recursos do PAC/Embrapa, os técnicos do órgão afirmam que é possível a construção de um laboratório do Iema dentro dos padrões, acreditado e normatizado a custo zero para o órgão.

A proposta, inclusive, foi encaminhada à diretoria do órgão, mas os dois prazos para a realização da parceria expiraram e até o momento os diretores não se manifestaram.
Fonte: JSD/Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Estado












    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  John Wesley    |      Imprimir