Categoria Música  Noticia Atualizada em 21-07-2011

Julio Iglesias diz que está cantando "mais" próximo a "morte"
Em entrevista ao G1, espanhol celebra 67 anos com CD e shows no Brasil. Cantor regrava "Manuela", "Hey" e "Eu nunca te esqueci" em novo trabalho.
Julio Iglesias diz que está cantando
Foto: g1

Julio Iglesias despista quando fala de sua idade, mas diz que nunca cantou tão bem. A volta aos holofotes tem novo CD, shows no Brasil em outubro e música na novela "O astro", da Rede Globo. Não que o galã de 67 anos precise se esforçar para virar notícia, após mais de 300 milhões de discos vendidos na carreira.

Em entrevista ao G1, o cantor espanhol vai do pessimismo ("Os crooners cantam melhor quando perto da morte. Acho que estou morrendo...") à simpatia ("Sua mãe gosta de mim, não é verdade?"). Iglesias recapitula sua carreira e comenta o recém-lançado "Julio Iglesias - Volume 1", com bom humor e sinceridade incomum em popstars.

G1 - Por que lança um CD em que regrava sucessos em vez de apenas compilá-los?
Julio Iglesias - Eu cantava muito mal antes. Minha voz tinha pouca afinação e muito coração. Os crooners cantam melhor quando perto da morte. Acho que estou morrendo... Canto mil vezes melhor do que antes. Se isso não fosse verdade, você não estaria fazendo essa entrevista comigo. Com o passar dos anos, passei a perceber a força das palavras de amor que canto. Gosto de voltar ao estúdio. Eu sou o artista latino que mais vendeu, mas não sou conformista. Vendi tanto pelo charme da minha voz, mas não por ser um bom cantor.

G1 – Lembra quantas vezes veio ao Brasil? E as turnês por aqui?
Iglesias – Quantos anos você tem? Quando você sequer tinha nascido, já havia cantado do extremo sul do Brasil, de Florianópolis... da fronteira com a Argentina até o mais norte, perto do Amazonas, em Belém. É um dos países pelos quais sou apaixonado. É onde me sinto mais jovem do que em qualquer lugar. O amor não tem idade no Brasil. Você não deve entender isso porque é novo, mas se tivesse 47 anos como eu, entenderia... [Risos]

G1 – A nova versão de "Eu nunca te esqueci" está na trilha de "O astro". Gosta de ter suas músicas em novelas?
Iglesias – Gosto de tudo que chega ao povo. A Som Livre e a Globo vão fazer um trabalho grande comigo. Estou apaixonado com o que planejaram para mim. Vai me ajudar muitíssimo. Minha música já esteve em muitos programas da TV Globo, em muitas novelas. Depois de "O astro", terei outra música na novela de setembro e devo cantar no Brasil em outubro.

G1 – Você já disse que aprendeu português cantando...
Iglesias – Não sei falar muitas coisas, mas cantando me garanto. Sei cantar em muitas línguas, mas mal. Português é uma língua paterna, meu pai nasceu na fronteira com Portugal.

G1 – Quais as mais complicadas para cantar?
Iglesias – As mais difíceis são chinês, japonês... São quase impossíveis de cantar. Cantava porque gosto muito da China e do Japão.

G1 – O que pensa do seu filho Enrique estar hoje com a carreira voltada mais para a dance music do que para a música romântica?
Iglesias – Enrique é um artista inteligente, um garoto muito capaz. É um campeão. Ele soube se envolver com os melhores, Pitbull [rapper cubano], will.i.am [líder do Black Eyed Peas], RedOne [produtor marroquino]. Soube se tornar popular internacionalmente. E merece. É um artista. A nossa diferença é que não parava de lançar discos para ficar com namoradas. [Risos]

G1 – Você já cantou com Roberto Carlos, Frank Sinatra e muitos outros. Qual foi o seu duo mais emocionante?
Iglesias – O que mais me emociona é sentir que estou aprendendo. Cantar com Roberto, Sinatra, Stevie Wonder, Placido Domingo... Aprendi com eles. Amo Roberto. Ele diz e escreve as palavras magicamente. É o mais importante cantor do Brasil. Roberto sofreu muito, aprendeu muito, sacrificou-se muito. Ele canta para pessoas de 30 até 60 anos. Ele passou por três gerações. Dos mais sofisticados, gosto de Caetano, Jorge Ben, Elis... Mas Roberto é mágico.

G1 – Como lida com tecnologia?
Iglesias – Não tenho tempo para internet. Meu tempo livre é quando durmo e mesmo assim muito pouco, cinco ou seis horas. E sempre sozinho. Quando tenho algum interesse por internet [o que é publicado sobre ele], procuro meu assistente. Na internet, metade é verdade e metade é mentira.

G1 – Quando percebeu que poderia viver de música?
Iglesias – Semana passada. Porque todas as empresas do mundo queriam lançar o novo disco. [Risos] Sei que todo mundo quer ouvir minhas músicas. Sei que há canções como "Hey" e outras que seu papai e sua mamãe cantavam. Sua mãe gosta de mim, não é? Imagino que ela goste dos meus discos. De onde ela é?

G1 – Gosta sim. Ela é de Minas Gerais. Mas nos shows há pessoas de todas as idades ou só gente como meu pai e minha mãe?
Iglesias – De várias idades. Ontem, percebi que tinha uma mulher com um aparelho de respiração artificial me admirando com os olhos. Senti que ela me acompanhava há mais de 45 anos. É isso que um artista busca, que gostem de você depois de tantas décadas. Um popstar da moda dura pouco. Um artista fora da moda, que é clássico, dura uma vida inteira.

G1 – Bonito isso. Obrigado pela entrevista.
Iglesias – Eu que agradeço. Um beijo muito grande para a sua mãe.

Fonte: g1
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir