Categoria Música  Noticia Atualizada em 15-08-2011

"Olhei no dicionário para batizar a banda", diz líder da Palhaço Paranóide
Reforma ortográfica, no entanto, fará músicos repensarem o nome do grupo. G1 faz série de reportagens sobre como montar uma banda.

Foto: g1

A escolha do nome da banda de rock Palhaço Paranóide, de Maceió, foi resolvida com uma olhada no dicionário. "O nome, na verdade, é inspirado no do robô Android Paranoid, do ‘Mochileiro das galáxias’, e também na música de Radiohead ["Paranoid android"]. Como eu não queria um nome em inglês pra banda, fui olhar no dicionário se existia o português de ‘paranoid’. Eu encontrei, sugeri o nome para os outros integrantes e eles aceitaram. Já o palhaço tem a ver com a teatralidade, com a nossa inspiração no rock japonês e com um personagem que eu criei em um conto", detalha, minuciosamente, Guilherme Di França, líder e vocalista da banda Palhaço Paranóide, fundada oficialmente em novembro de 2010.

(Série Como montar uma banda: o G1 publica nesta semana reportagens com as fases pelas quais passam as bandas iniciantes)

Apesar da consulta ao dicionário, o que os meninos da Palhaço Paranóide não contavam era com a reforma ortográfica, que entrou em vigor em janeiro de 2009. A palavra paranoide perdeu o acento porque os ditongos "éi", "ói" e "éu" somente são acentuados se estiverem no final da palavra. "Eita, agora não sei. Acho que a gente vai ter que tirar o acento, né?", disse Di França, ao ser questionado sobre o assunto pela reportagem.

Os músicos reconhecem que o nome é meio esquisito, mas afirmam que ele tem tudo a ver com a personalidade da banda. "Muita gente acha legal, muita gente não entende. Minha mãe até disse para eu mudar porque o nome era estranho, mas a gente não mudou. Palhaço Paranóide tem tudo a ver", afirma o vocalista, que ainda vai se reunir com os músicos para decidirem sobre o futuro do acento no nome.

Para o produtor musical Serginho Rezende, que está trabalhando com os músicos na gravação do primeiro disco da banda, o nome foi uma coisa que chamou a atenção. "Foi o que me impactou porque tem uma boa provocação. Na verdade, foi a postura, mais que o nome. Acredito que pessoas que colocam ‘palhaço’ no nome da banda têm personalidade", diz.

Sem regras
"O nome de uma banda é, sem dúvida, muito importante. Mas a principal preocupação não deve ser se é genial ou sem graça, mas se tem a ver com a identidade e que seja algo único para a banda. Não pode parecer que o nome está em uma dimensão e a banda em outra", orienta o produtor musical Zé Guilherme, da Jardel Music, que já teve uma banda chamada Supersoniques.

Segundo ele, não há muitas regras a serem seguidas na hora de batizar um grupo. "A banda Radiohead, por exemplo. Eu acho um nome ruim, não é nada genial, mas é a cara da banda, tem tudo a ver. "

Para Zé Guilherme, que trabalha com música há 20 anos, nomear uma banda "é a pior coisa que existe" porque não há regras, é tudo subjetivo, e pode ser um processo longo, com vários nomes provisórios. Evitar palavras difíceis de serem pronunciadas ou nomes longos, por exemplo, é muito comum, mas é só pensar em bandas como Cansei de Ser Sexy e Móveis Coloniais de Acaju que regras passam a não fazer sentido.

"Essas são bandas que se tornaram conhecidas pelo nome completo. Se forem compridos, acabam sendo encurtados naturalmente. Cansei de Ser Sexy virou CSS, e Móveis Coloniais de Acaju passou a ser tratada apenas como ‘Móveis’", detalha Zé Guilherme, citando ainda "Paralamas" para Paralamas do Sucesso e "Engenheiros" para Engenheiros do Hawaii.

Nomes iguais
Coincidência em nomes de banda não é algo raro de acontecer, diz o produtor musical Zé Guilherme. Por isso, orienta ele, é preciso pesquisar bem antes de estabelecer o nome e começar a divulgá-lo.

"Hoje em dia é mais fácil porque tem o Google", observa o produtor. Mesmo que nada apareça no site de buscas, é preciso ainda ficar atento às novas bandas que surgem a cada dia, pois pode haver coincidências.

Zé Guilherme conta o caso de uma banda do Recife que começou a gravar o primeiro CD cantando em francês. Durante o processo de produção e gravação, surgiu no mercado fonográfico uma banda com nome parecido, mas estilo nada a ver. A banda recifense, então, passou a reavaliar o próprio nome antes de se lançar no mercado para não correr o risco de fazer propaganda ou ser confundida com outra banda quase homônima.

Site e redes sociais
Além de pesquisar coincidências de nome, a dica do produtor musical é verificar se o endereço na internet com o provável nome da banda está disponível e registrá-lo imediatamente. A ronda da disponibilidade deve incluir ainda redes sociais como Facebook e, sobretudo, o MySpace.

A banda Palhaço Paranóide ainda não tem site, mas o grupo tratou logo de reservar o domínio para não correr o risco de alguém chegar primeiro e usá-lo com qualquer outra coisa. O perfil no Facebook e no MySpace também já foi criado e conta com mais de 1.800 amigos, cada.

Fonte:

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Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir