Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-08-2011

Ela nunca se acovardou, diz irmã de juíza assassinada no RJ
Disque-Denúncia recebeu mais de 60 informações sobre o caso. Cerca de 20 pessoas já prestaram depoimento na DH.
Ela nunca se acovardou, diz irmã de juíza assassinada no RJ
Foto: g1

"Apesar de todos os riscos, ela nunca se acovardou e sempre enfrentou todos esses bandidos com medo, mas com muita coragem", disse Simone Acioli, irmã da juíza Patrícia que foi assassinada quando chegava em sua casa, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, na sexta-feira (12).

"Quem conhece minha irmã sabe que ela era uma pessoa maravilhosa, generosa e sempre muito preocupada com a Justiça desde pequena", afirmou Simone.

No domingo (14), policiais da Divisão de Homicídios (DH) estiveram em São Gonçalo procurando pistas dos assassinos. Patrícia trabalhava na 4ª Vara Criminal da cidade. "Minha preocupação é que não pare só nos executores. É fundamental chegar naqueles que comandaram, nos mandantes do crime, para que eles sejam punidos e para que a morte dela não vire mais uma estatística", disse a irmã da vítima.

Neste fim de semana foram presos oito policiais militares do Batalhão de São Gonçalo acusados de assassinar um jovem em uma comunidade da cidade. A prisão preventiva do grupo havia sido decretada por Patrícia horas antes de ela ser executada.

Disque-Denúncia
No domingo (14), o Disque-Denúncia já tinha recebido mais de 60 informações sobre o caso. Segundo a central, a maioria é sobre possíveis autores do crime.O serviço funciona 24 horas por dia e o anonimato é garantido. As denúncias podem ser feitas pelo telefone (21) 2253-1177.

Segundo o delegado titular da DH, Felipe Ettore, responsável pelas investigações, Patrícia foi atingida por 21 tiros. Na manhã de sábado (13), a chefe de Polícia Civil do Rio, delegada Martha Rocha, esteve por cerca de três horas na DH reunida com investigadores para acompanhar as novidades sobre o caso. No entanto, ao deixar o local, a delegada disse que este é um momento de silêncio e objetividade nas investigações.

"A nossa presença hoje (no sábado) foi para continuar conversando com o Dr. Felipe (Ettore), que investiga o caso, e só dizer que esse é o momento de trabalhar, de silêncio para analisar todas as informações e trata-las com coerência, com cuidado. Por isso o silêncio é importante", afirmou.

Pelo menos 20 pessoas já foram ouvidas sobre o crime. Entre as testemunhas, o namorado da juíza, o Policial Militar Marcelo Poubel, que falou durante mais de 6h na DH.

Marcada para morrer
O nome de Patrícia estava em uma lista de doze pessoas marcadas pra morrer, segundo investigadores. O documento foi encontrado com Wanderson da Silva Tavares, o Gordinho, acusado de ser chefe de uma milícia em São Gonçalo, preso em janeiro deste ano em Guarapari, no Espírito Santo.

De acordo com fontes da polícia, nos últimos dez anos a juíza foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a milícias e a grupos de extermínio.

Em setembro do ano passado, seis suspeitos, ente eles quatro policiais militares, foram presos. Segundo as investigações, todos faziam parte de um grupo envolvido no assassinato de 11 pessoas em São Gonçalo. A juíza Patricia Acioli foi quem expediu os mandados de prisão.

Patrícia tem um histórico de condenações contra criminosos que atuam na cidade, como quadrilhas que agem na adulteração de combustíveis e no transporte alternativo, entre outros crimes.

Escolta
Segundo o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, Patrícia nunca pediu escolta, mas, por iniciativa do Tribunal, teve proteção intensa de 2002 a 2007, com três policiais fazendo a sua segurança 24 horas por dia.

Em 2007, o Departamento de Segurança Institucional do TJ avaliou o caso e verificou que não havia mais necessidade de segurança intensa. O TJ colocou, então, à disposição da juíza um policial para fazer sua segurança.

Mas, segundo ele, a juíza dispensou a proteção. O presidente disse ainda que é muito comum os juízes pediram para serem liberados da segurança porque ela interfere na liberdade dos magistrados.

Fonte:

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Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir